Psicanalista alerta que problema começa na infância
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
Quem não conhece alguém que, vive cutucando cantinhos da unha para retirar peles ou cutuca as cutículas até sangrar? Não para de espremer espinhas ou fica, a todo momento, arrancando casquinhas de machucados que nunca fecham?
De acordo com a neuropsicóloga e psicanalista Andrea Ladislau, esse tipo de comportamento compulsivo, intenso e repetitivo, pode ser caracterizado como sendo um Transtorno de Escoriação. Uma condição clínica que surge, por volta dos 12 anos de idade, mas pode se agravar na vida adulta, e faz com que a pessoa sinta a necessidade de cutucar, coçar ou arrancar pedacinhos da pele, o tempo todo.
Andrea lembra que é importante registrar que, quando esses hábitos ocorrem eventualmente, não há com o que se preocupar. É uma ação comum. A questão é quando eles se tornam recorrentes e excessivos.
"Machucar-se repetidamente, no mínimo, irá causar impactos para a saúde física e a vida social do indivíduo, indicando a incidência de um transtorno emocional. As investidas contra o corpo podem diminuir a autoestima, devido às marcas e manchas na pele, além gerar culpas e vergonha pós episódios", explica.
Andrea alerta que esse quadro pode inclusive gerar a necessidade de isolamento e reclusão, uma vez que a pessoa passa a evitar sair de casa ou mesmo usar roupas que evidenciem as marcas das escoriações.
"As causas para o transtorno podem ser várias, sendo a ansiedade, a mais clássica e intensa de todas. O adoecido psiquicamente sofre com a ansiedade relacionada ao que ainda está por acontecer – futuro – e busca aliviar suas tensões retirando a pele da cutícula ou cutucando casquinhas de machucados, por exemplo", exemplifica.
Segundo a especialista, o estresse pode ser também, um dos principais gatilhos que desencadeiam o hábito em questão. Antes de buscar uma solução para seus medos, angústias e preocupações, o indivíduo busca na pele pontos para escoriar.
"Com isso, instaura-se a baixa autoestima que, acaba levando ao constrangimento e potencializando o sentimento de culpa e incapacidade de conseguir controlar o ímpeto de cutucar a pele. Um ato, muitas vezes, inconsciente e involuntário que, relacionado a questões emocionais", constata.
Andrea reitera que não seria um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ou um Transtorno de Personalidade Antissocial, pois os sintomas são parecidos, porém a diferença entre eles é a evidência do sentimento de culpa que é muito mais potente no Transtorno de Escoriação, do que nos outros diagnósticos mencionados.
" O tratamento para o transtorno é, em primeiro lugar, reconhecer quais os gatilhos levam à pratica. Essa descoberta pode ser feita através da terapia que irá ajudar no autoconhecimento e na identificação e alteração dos padrões comportamentais", diz.
Andrea complementa que a causa raiz do problema, como a ansiedade e o estresse, podem ser tratados e controlados. Outra forma de solução para esse adoecimento mental é a introdução de alguns objetos terapêuticos que contribuem para diminuir os sintomas ansiosos e o desejo de manipulação da pele, como por exemplo, as bolas de alívio.
"Quando essas ferramentas psicoterápicas não surtem o efeito esperado, a ajuda medicamentosa, associada à terapia, é bem vinda para controlar a impulsividade e auxiliar no autocontrole e no gerenciamento emocional", diz.
A psicanalista conclui lembrando que hábitos persistentes que causam incômodos ou prejuízos, acionam um sinal de alerta para um maior cuidado com a saúde e o equilíbrio emocional.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
· Andrea Ladislau é doutora em Psicanalise Contemporânea, Neuropsicóloga. Graduada em Letras - Português/ Inglês, Pós graduada em Psicopedagogia e Inclusão Digital, Administração de Empresas Administração Hospitalar. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro. @dra.andrealadislau
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