Carmen Lúcia participou hoje de seminário sobre as mulheres na Justiça. Em sua fala, no evento realizado na Embaixada da França em Brasília, afirmou que o fato de ocupar a chefia de um dos poderes da República não passa de um dado “circunstancial” num país cuja sociedade permanece em grande medida “patrimonialista, machista e muito preconceituosa com a mulher”. Compunham a mesa a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a advogada-geral da União, ministra Grace Mendonça. http://www.fabiocampana.com.br
O embaixador da França, Michel Miraillet, destacou que o Brasil é um dos poucos países com mulheres ocupando quatro cargos de cúpula no Judiciário. Além das três presentes, ele contou ainda a presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministra Laurita Vaz. Para Carmen, a presença de mulheres na cúpula do Judiciário pouco teria significado para além de uma coincidência histórica numa sociedade “que não se acostumou que o nome autoridade não se declina, não tem sexo”.
Cármen Lúcia, Grace Mendonça e Raquel Dodge foram unânimes em destacar a imposição de uma vida quase “monástica” às mulheres que almejem cargos de liderança: “há um constrangimento constante da sociedade brasileira para que a mulher priorize as relações afetivas e a família, acima da própria realização pessoal, o que não ocorre, nem de perto, em relação aos homens”.
A ministra fez questão de destacar que a face mais grave desse constrangimento social em relação à mulher se expressa no feminicídio: “Continua havendo mulheres mortas, e não apenas pelos companheiros, mortas por uma sociedade que não vê que a mulher não é a causadora do feminicídio, que é um homicídio causado somente por ela ser mulher”. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)