por Fernando Duarte
Sem fazer qualquer juízo de valor quanto ao resultado da votação favorável ao presidente da República, Michel Temer, na Câmara dos Deputados, é preciso lembrar como votaram os representantes do povo sobre o prosseguimento ou não da apuração da denúncia do “quadrilhão do PMDB”. Em votações como a realizada nesta quarta-feira (25), não são raros os brasileiros que se questionaram: em quem eu votei nas eleições de 2014? Infelizmente, para uma maioria significativa não há memória recente e dificilmente os eleitores se recordam para quem foi depositado o voto, especialmente para o Legislativo. Nessa dicotomia que se tornou a política brasileira nos últimos anos, é impossível negar que houve maior presença da discussão política nas rodas de conversa. Porém, para além dos debates sobre a última novela das 21h, a maior briga ficou para o embate entre petistas e tucanos, representados por Dilma Rousseff e Aécio Neves. Ambos, no entanto, são cartas completamente fora do baralho e a ascensão de Temer ao poder é resultado também das trapalhadas daqueles que colocaram os nomes nas urnas na última eleição. Enquanto o Brasil discutiu se um ou outro era melhor para o país, o Legislativo manteve índices de renovação bem abaixo do esperado com operações sucessivas da Polícia Federal batendo à porta dos políticos. Apenas como título de exemplificação, o então deputado Luiz Argôlo (SD-BA), acusado de corrupção passiva, ficou na primeira suplência, com quantidade suficiente de votos para quase ser eleito. Se no passado os brasileiros poderiam argumentar que não conheciam o posicionamento dos seus representantes no Congresso Nacional, a desculpa não vai colar na eleição do próximo ano. Foram, no mínimo, três votações amplamente televisionadas: o impeachment de Dilma e as duas denúncias – arquivadas – contra Temer. As listas estão facilmente disponíveis e basta uma busca simples para identificar se os representantes que estão com mandato efetivamente comungam com os ideais do eleitor. Apostar nessa consciência – ou inconsciência – coletiva é um sopro de esperança para o futuro. Independente de ser a favor ou contra Dilma, a favor ou contra Temer, conhecer quem merece o voto e lembrar quem recebeu a confiança do eleitor é um passo relevante para tornar a democracia brasileira madura. Em tempo, foram 14 baianos que votaram a favor de Michel Temer, enquanto 21 desejam que o presidente seja investigado. Apenas três se ausentaram. Anote os nomes deles no caderninho. BN
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