por Luiz Vassallo, Julia Affonso e Fausto Macedo | Estadão Conteúdo
O empresário Joesley Batista, delator da JBS, disse nesta sexta-feira (15) em audiência de custódia na Justiça Federal em São Paulo, que por ter denunciado "poderosos" acabou na prisão. "Eu fui mexer com os poderosos, com os donos do poder, e estou aqui", desabafou Joesley - segundo reportagem da Globo News -, ao juiz João Batista Gonçalves, da 6.ª Vara Criminal Federal, que decretou sua prisão preventiva por suposto uso de informações privilegiadas de sua própria delação premiada no mercado financeiro para auferir lucros milionários. Ele não apontou os nomes dos "poderosos" que denunciou, mas se referia ao presidente Michel Temer (PMDB) e ao senador Aécio Neves (PSDB), a quem teria destinado valores em propinas. Joesley foi preso domingo em outra frente de investigação, por suposta violação ao acordo de delação que firmou com a Procuradoria-Geral da República. Inicialmente, o empresário tinha contra si mandado de prisão temporária, por cinco dias. Nesta quinta-feira (14) o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, converteu em preventiva o regime de prisão imposto ao delator, acolhendo pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot. Na quarta-feira (13) o juiz João Batista Gonçalves ordenou a prisão preventiva de Joesley e de seu irmão Wesley, executivo do Grupo J&F, na Operação Acerto de Contas, desdobramento da Tendão de Aquiles, que investiga o uso de informações privilegiadas no mercado. Na audiência de custódia, quando o juiz o informou sobre a ordem de prisão, Joesley disse que Janot praticou um "ato de covardia". "Depois de todas as informações que passamos."