Quando uma pessoa sentou-se no divã e, diante de Rubem Alves disse: "Acho que estou ficando louca, pois adoro cozinhar, faço isso todo dia e hoje, ao cortar uma cebola, percebi que nunca havia visto uma cebola", ele lhe respondeu: "Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Rubem Alves disse mais: "Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física". João Bosco Leal**Jornalista e empresário
Sobre a cebola, Pablo Neruda disse: "Rosa de água com escamas de cristal".
Enquanto Adélia Prado disse "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra", a pedra vista por Drummond deixou de ser uma pedra e virou um poema.
A visão que uma pessoa tem de uma árvore não é a mesma que outra a tem, e nem mesmo daquela própria, se olhada de um ângulo ou em horário diferente. Os ângulos, as sombras e os raios solares provocam visões distintas a cada segundo.
O mesmo ocorre quando relemos um livro que havíamos lido vários anos atrás. Tudo o que vivemos, ouvimos, falamos e aprendemos nesse período, fará com que interpretemos o mesmo livro de maneira totalmente distinta.