Após reunião da presidente Dilma Rousseff com líderes da base, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta terça-feira (15) que se criou um “fetiche” na opinião pública sobre a volta da CPMF. Para ele, as pessoas “nem sentem” a cobrança do tributo, porque a CPMF terá peso maior nas grandes movimentações financeiras.
A proposta de retorno da CPMF, extinta em 2007, foi anunciado na segunda-feira (14) pelo governo, dentro do pacote de medidas para tentar reequilibrar as contas públicas. O governo pretende cortar despesas e criar novas receitas. A CPMF, segundo os cálculos divulgados pelo governo, vai ser responsável por metade do ajuste nas contas públicas anunciado nesta segunda-feira para o ano de 2016, que é de R$ 64,9 bilhões.
A alíquota sugerida para o imposto é de 0,2% sobre todas as movimentações financeiras, inferior ao 0,38% que vigorava anteriormente. Para passar a ser cobrado, o tributo ainda deve ser aprovado no Congresso.
“Os líderes colocaram que essa matéria [CPMF], não pelo que é de fato, mas pelo fetiche que foi criado na opinião pública...[ocorre que] qualquer cidadão acha que vai pagar. Claro que não! Esse é o tipo do tributo que quem paga são aqueles que têm grandes movimentações, as pessoas nem sentem”, afirmou Guimarães.
Esse é o tipo do tributo que quem paga são aqueles que têm grandes movimentações, as pessoas nem sentem"
Deputado José Guimarães (PT-CE)
Ele reconheceu que a matéria deverá encontrar dificuldade para ser aprovada no Congresso, mas ressaltou que todos os líderes da base se mostraram dispostos ao diálogo.
Segundo Guimarães, uma nova reunião com a presidente foi marcada para a próxima quinta-feira (17) para voltar a discutir as propostas de ajuste.
“Evidentemente, alguns líderes colocaram que essa é a matéria que tem uma maior dificuldade. Não significa que eles estejam contrários. Muito pelo contrário, vão dialogar nas bancadas”, disse.
Críticas à oposição
O líder governista defendeu o tamanho do corte proposto pelo governo, classificando-o de “grandioso” e criticou a oposição e o empresariado por só darem ênfase ao imposto.
“Foi criado esse ambiente, que a oposição potencializou, por parte do empresariado brasileiro que só sabe falar ‘imposto, imposto, imposto’. Não querem ajudar; querem só acumular sem distribuir, sem colaborar com o país”, disse o deputado.
Divisão com os estados
Na reunião da manhã, Dilma discutiu com os líderes a possibilidade de elevação da alíquota, a fim de contemplar estados e municípios com parte dos recursos da CPMF, cujo percentual poderia chegar a até 0,38%.