Foto: Raquel Morais G1
Cientistas da Universidade de Brasília desenvolveram uma droga capaz de alterar a estrutura do DNA e evitar a multiplicação de células cancerígenas.
De acordo com os pesquisadores, a descoberta partiu da ideia de enxergar o nucleossomo – unidade da cromatina, que compacta o DNA dentro da célula – como alvo terapêutico.
O medicamento atua conectado a ele, modulando a abertura e fechamento das fitas de informação genética.
Assim, ele interfere na interação entre o DNA e proteínas, podendo “barrar” o que não é desejado, como o câncer.
A tecnologia não impede o surgimento da doença, mas evita que células com informações genéticas não desejadas se reproduzam.
“No câncer, por exemplo, temos uma alta proliferação celular, e isso acontece porque a expressão de vários genes está desregulada na célula. Se regulamos essa disfunção, tratamos o câncer”, explica a biomédica e doutoranda em patologia molecular Isabel Torres.
Esperança
“Não esperamos que esta nova classe de drogas cure a doença, mas, sem dúvida, ela representa uma esperança aos pacientes que não respondem a terapias tradicionais.
A ideia é associar estas novas moléculas a outras drogas disponíveis no mercado para obtenção de uma melhor resposta clínica”, completa.
Orientador da pesquisa, o professor e médico Guilherme Santos afirma acreditar que o procedimento possa ser utilizado contra vários tipos de câncer, como o gliobastoma (no cérebro) o melanoma (na pele), além de doenças hormonais e obesidade.
Os primeiros resultados do trabalho foram publicados na revista "Trends in Pharmacological Sciences – Cell" no final de março.
Financiamento
A próxima etapa envolve testes em camundongos e ainda não tem data para acontecer por falta de recursos.
O grupo aguarda atualmente a liberação de R$ 170 mil para prosseguir com o estudo.
“Precisamos de financiamento para podermos avançar nesta pesquisa. Seria ótimo podermos contar com dinheiro de doações de empresas e pessoas ricas – milionários com ações filantrópicas –, a exemplo do que ocorre em outras grandes universidades, como Harvard e Cambridge”, diz a biomédica.