Descendente de japoneses, o brasileiro Airton Sussumu Iwamura, de 48 anos, emigrou para o país de seus familiares há 24 anos. Conseguiu um emprego e teve filhos no país, mas agora enfrenta um dilema: sem conhecer as leis trabalhistas japonesas, nunca pagou por um plano de previdência.
Agora, corre o risco de não ter uma renda para se aposentar.
Após 25 anos do início do movimento decasségui, a quantidade de idosos brasileiros sem emprego e sem direito à aposentadoria no Japão está aumentando.
"Temos hoje mais de 12 mil brasileiros com mais de 60 anos no Japão. Grande parte nunca pagou o plano de previdência social do governo", diz Romeu Funatsumaru, presidente da organização sem fins lucrativos Koryunet e diretor na Fundação Japan Overseas Council.
"Muitos brasileiros vieram já com idade avançada, estão ficando velhos, não têm filhos, não têm familiares, não pagaram o seguro social e, agora, estão sem assistência", afirma.
Pensando nisso, a fundação da qual o brasileiro faz parte vai construir um asilo exclusivo para brasileiros. O Centro de Cultura e Assistência Social vai funcionar em um prédio na cidade de Oizumi, na província de Gunma, cerca de 100 quilômetros ao norte de Tóquio.
"O local abrigava um shopping brasileiro, o primeiro símbolo da força econômica dos decasséguis no Japão. Tem dois andares e cerca de 2.600 metros quadrados de área útil", detalha.
"Nosso objetivo é socorrer aqueles que ficarem fora do sistema de cobertura da previdência."
A previsão é de que o local comece a funcionar em 2016. Além do asilo, o centro vai abrigar uma biblioteca, um museu e oferecerá um serviço de assistência aos estrangeiros.
Até agora, a fundação já investiu cerca de R$ 1,2 milhões no projeto.
Seguro social
Funatsumaru explica que uma grande parcela dos brasileiros no Japão nunca pagou o seguro social, que inclui o benefício da previdência. O
desconto na fonte é obrigatório no país a todos os trabalhadores assalariados.