SÃO PAULO (Reuters) - O pacote com aumento de impostos anunciado na noite de segunda-feira (19) pelo governo federal, que incluiu tributos sobre combustíveis, piorou ainda mais as expectativas de inflação para este ano. As projeções ficam acima de 7%, cada vez mais longe do teto da meta oficial, de 6,5%.
Se confirmada, a alta anual do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) seria a maior em mais de uma década, mas ainda não o suficiente para especialistas acreditarem em aperto monetário maior pelo BC (Banco Central, uma vez que a atividade econômica fraca e a perspectiva de maior rigor fiscal devem, com o tempo, gerar alívio nos preços.
"Fundamentalmente, vai sobrar para a atividade", afirmou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, que elevou em 0,5 ponto percentual a sua estimativa de alta do IPCA para este ano, a 7,3%, após o anúncio do pacote de medidas fiscais.
A última vez que a inflação oficial do país ficou acima de 7% foi em 2004, quando o IPCA subiu 7,6%. A meta oficial é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Última pesquisa Focus do BC com economistas de instituições financeiras, feita antes do aumentos dos tributos, mostrou que as estimativas eram de que o IPCA subiria 6,67% neste ano, com expansão do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,38%.
Arrecadação neste ano deve subir R$ 20,63 bilhões
Entre as quatro medidas tributárias divulgadas na véspera, que devem elevar a arrecadação neste ano em R$ 20,63 bilhões, a que pesa mais sobre os preços é o aumento das alíquotas da Cide e do PIS/Cofins que incidem sobre combustíveis.