Inclusão feminina nas Forças Armadas é discutida no STF; mulheres tiveram desempenho físico satisfatório nos primeiros anos
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Exército enviou um parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) um estudo realizado por Forças armadas estrangeiras que mostra “clara vantagem física dos homens” e contra a inclusão feminina em funções mais combatentes.
Segundo reportagem do jornal Folha de S. paulo, os dados são utilizados para justificar que a inclusão de mulheres em armas de combate, como a Infantaria e a Cavalaria, pode “comprometer o desempenho militar em operações”.
O estudo citado pelo Exército analisou o desempenho de homens e mulheres em cinco exercícios diferentes. Foram avaliadas a potência aeróbica, a potência anaeróbica, a força muscular geral, a força muscular dos membros inferiores e a força muscular dos membros superiores.
Nessa análise, as mulheres tiveram desempenho médio de 20% a 45% pior que o dos homens, a depender do exercício testado.
A Força ainda realizou um estudo próprio para analisar as condições físicas dos homens e mulheres que entraram na EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes), a porta de entrada da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).
O teste consistia em colocar os alunos para marcharem 12 km, utilizando capacete, fardo aberto, mochila com peso de 18 kg e armamento de mais de 4 kg.
“A conclusão do estudo, que foi realizada em duas etapas, a primeira em 2017/2018 e a segunda em 2020, foi a de que, em relação à aptidão muscular, houve decréscimo da força isométrica máxima de membros inferiores, que possui forte relação com a integridade musculotendinosa e massa óssea, influenciando no risco de lesão, especialmente para as militares do sexo feminino na linha de ensino militar bélica em 2017.”
O Exército apresentou os dados dos estudos para defender que a participação feminina nas armas combatentes seja avaliada a longo prazo, diferentemente do que a PGR (Procuradoria-Geral da República) pede em ação no STF.
Uma reportagem da Folha já havia mostrado que os argumentos apresentados pelos militares brasileiros para justificar o veto às mulheres seguem na contramão das principais Forças Armadas do mundo, como os Estados Unidos e outros países-membros da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte).
Os impedimentos à participação feminina foram derrubados em sequência a partir dos anos 2000, quando uma série de decisões de presidentes e ações na Justiça determinaram a inclusão das mulheres nas armas combatentes e na tripulação de submarinos —as últimas barreiras da maioria dos países analisados.
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