Há mais de um ano, Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, não tem mais qualquer contato com Flordelis dos Santos, sua mãe afetiva. O rompimento após ter acusado a parlamentar de ser a mentora intelectual da morte do pastor Anderson do Carmo fez com que Misael se reaproximasse da família biológica, com a qual havia perdido contato há três décadas. Na primeira entrevista após Flordelis virar ré pelo assassinato, o vereador diz acreditar que foi manipulado e passou por uma lavagem cerebral na casa da deputada. Misael, que era tesoureiro das igrejas e passou a ser alvo de acusações da mãe, relata ainda que tentou alertar Anderson sobre o envolvimento de Flordelis em um plano para matá-lo. “Ele estava cego. Era Deus no céu e ela na terra”, resume.
Qual é hoje sua relação com a Flordelis?Vocês têm contato?
A última vez que estive com ela foi dia 22 de junho de 2019. Após meu depoimento na delegacia, ela não aceitou meu posicionamento. Isso gerou uma separação natural. Desde então, nunca mais tive contato com ela.
Você retomou o contato com sua família biológica?
Sim, com minha mãe e meus irmãos, que ainda moram no Jacarezinho. Está me fazendo muito bem. Me trouxe um pouco de alegria.
Por que Flordelis resolveu lhe acusar?
Pelo meu posicionamento falando a verdade. Quem ficou do lado dela não falou a verdade. Foram manipulados. Eu falei o que sabia, entreguei meu celular na delegacia. Ela não contava com isso, que eu me posicionasse dessa forma.
Você acha que ela (Flordelis) manipulava os filhos?
Hoje, tenho 42 anos e acredito que ela (Flordelis) me manipulou, foi uma lavagem cerebral. Eu tinha 12 anos de idade quando cheguei na casa. Acreditava que estava fazendo o certo, ajudando com as crianças, pegando doações na rua. Me envolvi. Eu não percebia que havia essa manipulação. Fui criado tendo uma gratidão por tudo que ela tinha feito por mim. Eu fazia tudo para agradá-la.
Ninguém da casa avisou ao pastor de uma forma mais enfática que havia um plano para matá-lo?
Sim. Eu cheguei a falar com ele sobre isso. Foi até mesmo ele que me procurou, porque descobriu que havia essa trama macabra. Mas ele não levou a sério. Cheguei a falar com ele a possibilidade de ela (Flordelis) estar envolvida, mas ele não acreditava.
Por quê?
A deputada acusa você de ter desviado uma parte do dinheiro do Ministério Flordelis. Ela fala em uma receita líquida de mais de R$ 2 milhões em um ano.
Esses valores têm de ser apurados. A igreja tinha um escritório de contabilidade que fazia esse trabalho contábil. Eram oito igrejas e um caixa único. Havia um sistema financeiro no qual era tudo contabilizado. Tinha relatórios mensais que eu entregava para minha mãe e meu pai e reuniões de 15 em 15 dias.
Flordelis alega que só tomou ciência dessa parte financeira da igreja após a morte do pastor.
Isso não procede. Ela tinha conhecimento porque eu passava os relatórios pra ela e tínhamos reuniões. Valores das obras, tudo era sempre discutido com a minha mãe também. E ele (Anderson) tratava esse assunto (dos gastos) muito publicamente, em vídeos que fazia. A igreja vivia uma situação financeira difícil, mesmo antes da morte dele, por causa das obras que estavam sendo feitas.
Qual é o seu sentimento por ela não estar presa?
A Justiça vai ser feita. Acredito que, lá no fundo do coração, ela se arrepende do que fez. Ele era a engrenagem central da família. Ela não demonstra esse arrependimento em atitudes, mas quando coloca a cabeça no travesseiro, deve pensar “O que fiz da minha vida?”
Você acha que ela se arrepende principalmente pela desconstrução da imagem dela, que ruiu com a morte do pastor?
Sim. Destruiu tudo, todo aquele castelo que foi construído. Carreira política, cantora gospel, o próprio Ministério flordelis. Tudo acabou. Aquela história acabou.
Você se sentiu enganado?
Em parte, sim. Me dediquei quase 30 anos da minha vida. Não me arrependo. Fiz com prazer, carinho. Mas é triste ver algo pelo que você se dedicou tanto acabar por ganância, poder e dinheiro. *Extra
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