Secretarias de Saúde de vários estados relatam há cerca de dois meses que estão com dificuldades para adquirir remédios essenciais para tratamento do coronavírus nas UTIs dos hospitais. Os medicamentos são usados, principalmente, para intubação e sedação de pacientes. Se por um lado, falta medicamentos para intubação e sedação, sobra comprimidos de cloroquina e da hidroxicloroquina. No início de julho, o Ministério da Saúde acumulou mais de 4 milhões de comprimidos de cloroquina e hidroxicloroquina. O medicamento é utilizado contra a malária, lúpus e outras doenças, mas sem eficácia comprovada contra a covid-19.
Os últimos dados sobre os estoques de medicamentos nos Estados foram divulgados na semana passada pelo Conselho Nacional dos Secretários da Saúde (Conass) e são referentes à semana de 12 a 18 de julho. O levantamento indicava que os estoques de remédios como propofol, besilato de artracúrio e de cisatracúrio, hemitartarato de norepinefrina, todas utilizadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) dos hospitais para os casos mais graves, estavam a poucos dias de acabar em Estados como Acre, Amapá e Roraima. Estava previsto para a última segunda-feira (27) a atualização desse levantamento. O site El País tem solicitado os novos números, mas o Conass afirma que, agora, a divulgação cabe ao Ministério da Saúde. A pasta, por sua vez, não responde aos pedidos de informações.
Segundo o El País, o presidente do Conass, Carlos Eduardo Oliveira Lula, demonstrou nesta sexta-feira (31) que segue preocupado com o abastecimento de remédios usados para a intubação de pacientes e pediu ao Ministério da Saúde que adote medidas estratégicas para evitar o pior. “Por precaução, tentaria acelerar um processo de compras com a Opas [Organização Pan-Americana de Saúde]”, afirmou ele durante a 5ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite. Todos os Estados participam atualmente de um pregão de compra dos remédios anunciados pelo ministério no mês passado. O ministro da Saúde interino, o general Eduardo Pazuello, garantiu que alternativas estão sendo discutidas, entre elas a aquisição por meio das Opas. Na última semana, Pazuello chegou a afirmar no Paraná que sua pasta ajudaria o Estado em caso de desabastecimento e que, se fosse preciso, se valeria da logística militar para fazer uma entrega emergencial. Desde maio, Pazuello vem sendo alertado sobre o risco de falta dos medicamentos.
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