Em entrevista ao Estadão, presidente da Câmara também avaliou que não se deve culpar o ministro interino Eduardo Pazuello pela crise da Covid-19.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou, em entrevista publicada hoje (9) no Estadão, que é preciso discutir um limite para a atuação de militares da ativa na estrutura do próximo governo. Sem citar diretamente os generais nos cargos da atual gestão do presidente Jair Bolsonaro, ele ressaltou que é preciso respeitar o “muro” entre o Estado, a quem as Forças Armadas estão vinculadas, e o governo, formado especialmente por agentes públicos eleitos.
“É importante separar o Estado e o governo. As Forças Armadas estão no Estado. Os gestores públicos, os ministros, o presidente estão no governo. É importante que fique claro que há um muro. Não é algo contra os militares que estão no governo Bolsonaro, mas esse debate vai acontecer, no mínimo, para o próximo governo, para que fique clara essa separação. Quem vem para cá (governo) vai precisar não ter vínculo com o Estado. Quando um militar da ativa entra no governo ele traz parte do Estado e, muitas vezes, pode misturar as coisas, e é importante que a gente consiga organizar isso”, afirmou.
Maia também considerou que o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, não foi a “melhor escolha” para comandar a pasta, mas acredita que não se deve culpá-lo pelas 100 mil mortes por Covid-19. “É claro que há falta de articulação com os governadores e conflitos por causa de posicionamentos equivocados. Isso pode ter prejudicado, certamente, mas transferir 100% dessa responsabilidade para o ministro está errado. O problema é ter um vírus que vai tirar vidas de brasileiros e que vai derrubar a economia. E a economia vai cair porque na hora em que começa a morrer gente próxima, a pessoa deixa de consumir, deixa de ir à rua, querendo o governo ou não”, analisou.
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