por Ailma Teixeira**Foto: Reprodução/ UOL
Embora o miliciano Adriano da Nóbrega tenha sido encontrado em um sítio do vereador Gilsinho da Dedé (PSL), no município baiano de Esplanada, uma eventual relação entre o ex-capitão do Bope e o político baiano nunca foi confirmada. Durante a apresentação do inquérito que apurou a operação de captura, o titular da Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), Marcelo Sansão, disse que não foi possível confirmar um vínculo entre os dois.
"Muito pelo contrário. Tanto as oitivas de populares quanto do próprio Gilson afastam [essa possibilidade]", disse Sansão ao ser questionado sobre o assunto na manhã desta quarta-feira (26). Ao longo da coletiva, o delegado e dois peritos elencaram os fatos ocorridos no dia 9 de fevereiro, a fim de atestar que a morte do miliciano foi consequência de um confronto armado, e não de execução (saiba mais aqui).
De acordo com o delegado, antes do incidente, o vereador já falava em alugar o imóvel e o fazendeiro Leandro Abreu Guimarães, que abrigou Adriano em sua fazenda durante os meses anteriores, tinha a chave do sítio onde ele foi encontrado. "Ele estava utilizando para mostrar pra possíveis interessados [em alugar]", conta o delegado.
Na ocasião, Gilsinho disse que estava em Recife e não tinha conhecimento da ocupação. Ele era filiado ao PSL, antigo partido de Bolsonaro, mas a Executiva da legenda na Bahia disse que o edil deixaria a sigla na janela partidária deste ano (veja aqui).
Em depoimento feito ao Draco na época da operação, Guimarães afirmou que havia mostrado alguns imóveis da região a Adriano até que, um dia antes de ser capturado, o miliciano teria ameaçado o fazendeiro para levá-lo até o sítio. "Com certeza ele já desconfiava dessa ação (...) e a gente observa que não era um local que ele pretendia permanecer. Era improvisado", frisa o delegado.
Sanção foi o último a falar durante a apresentação do inquérito. A apuração interna foi feita após a família de Adriano e também a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levantarem suspeitas de que o miliciano teria sido vítima de execução (lembre aqui). Mas tanto a reprodução simulada quanto os laudos periciais refutam essa hipótese, com dados técnicos que apontam a ocorrência de um confronto (saiba mais aqui).
"Com todo o conjunto de provas que trouxemos aos autos, apesar de toda a situação, distância de alguns moradores, a gente consegue trazer indícios nas oitivas que corroboram, sim, com todas as oitivas dos policiais", destaca o delegado. Logo no início da apresentação, o perito criminal José Carlos Montenegro disse que os depoimentos individuais dos três militares que participaram da ação direta com Adriano convergem com os dados apurados, ratificando que ele foi morto com dois tiros, um de carabina e um de fuzil, após reagir a abordagem policial. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SP-BA), Adriano disparou sete tiros contra os agentes.
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