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sexta-feira, 15 de maio de 2020

Ceará cria tenda para evitar contaminação em cirurgias: covid

Só Notícia Boa
Covid-box - Foto: Divulgação/HUWC
Proteção para profissionais de saúde em tempos de covid. Foi criada no Ceará uma “tenda” capaz de barrar gotículas e gases contaminados durante cirurgias respiratórias.

A criação brasileira teve destaque em revistas científicas internacionais como Auris Nasus Larynx, e a ScienceDirect. Uma ideia que pode ajudar pesquisadores e profissionais de saúde na linha de frente da pandemia no mundo inteiro.

Chamada de Covid-Box, ela foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).

A tenda é usada desde março, de forma experimental em intervenções de pacientes que testaram positivo para a Covid-19 e também em outros sem a doença. 

Como
O Covid-Box tem uma armação de aço inox esterilizável, que é colocada sobre o paciente, que depois é recoberto com um campo plástico descartável de gramatura alta (90g/m2), também estéril.

A explicação é dos cirurgiões de cabeça e pescoço, Márcio Studart e Wellington Alves, e da enfermeira Eliane de Paula, chefe do Centro Cirúrgico e da Sala de Recuperação.

A tenda tem aberturas para permitir que as cirurgias sejam feitas.

“O equipamento forma uma caixa transparente estéril. Através de aberturas laterais realizadas pelos próprios cirurgiões, é possível ter acesso ao campo cirúrgico. Dessa forma, tanto ergonomia como segurança são preservados”, disse o cirurgião Márcio Studart ao DiárioDoNordeste.

Baixo custo
O otorrinolaringologista André Alencar diz que outro ponto positivo do Covid-Box é o custo acessível do protótipo, que pode ser copiado em outros hospitais públicos e privados.

No HUWC, a produção conta com a apoio de um empresa local que não está cobrando para construir as peças de aço.

Já o plástico é comprado pelo HUWC e possui um valor muito baixo.

O médico conta que está buscando parcerias com a indústria local para a produção em larga escala para ajudar outras unidades de saúde do Estado.

“Nosso desejo é que a ideia seja utilizada em países em desenvolvimento. Existem muitos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no mundo, mas se fala muito pouco da proteção coletiva. Eles são muito mais lógicos e tem uma eficiência muito maior. A Covid-Box serve nesse sentido. Nem toda unidade hospitalar pode ter, por exemplo, uma sala com pressão negativa. O dispositivo ameniza a proliferação da doença”, disse o cirurgião de pescoço e cabeça Márcio Studart.

Mobilidade
O dispositivo foi usado durante uma cirurgia em um paciente com infecção bacteriana, precisou de uma traqueostomia após várias semanas entubado.

Os médicos realizaram cortes nas laterais do plástico esticado sobre a estrutura de aço. De luvas e com todos a instrumentação desinfectada, eles fizeram a intervenção normalmente.

O Covid-box dá a mesma mobilidade aos profissionais durante as cirurgias, garante o médico otorrinolaringologista André Alencar Araripe Nunes, Chefe da Unidade de Cabeça e Pescoço do HUWC.

“As partículas de gás ou gotículas são eliminadas no ar ao realizar, por exemplo, cortes na garganta de um paciente. Com a Covid-Box, ao invés desse material se espalhar dentro da sala de cirurgia, fica retido no plástico. É possível ver as gotas geradas pelo paciente”.

O cirurgião Wellington Alves explica que a equipe também vem utilizando o dispositivo em outros procedimentos cirúrgicos geradores de aerossóis, que ficam em suspensão no ar e sobre superfícies.

“Mais recentemente, realizamos uma glossectomia parcial (remoção cirúrgica de parte da língua em função de câncer agressivo) e uma ressecção de osso temporal (tipo de cirurgia de base de crânio) utilizando o protótipo, não havendo prejuízo técnico em virtude da sua utilização”, garantiu o especialista. Foto: Divulgação/HUWC**Com informações do DiárioDoNordeste

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