Ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou a postura de Jair Bolsonaro à frente do país. De acordo com FHC, o atual presidente não “mede a força das palavras dele”.
“Ele tem falado mais do que feito. Não existe constrangimento efetivo da liberdade no Brasil, o que existe é palavra, retórica. Só que o presidente talvez não meça a força das palavras dele, que é grande. Para dizer em palavras curtas, ele está despreparado para a cadeira onde está sentado. Ninguém nasce presidente, você se faz. Quando fui nomeado [ministro da Economia] pelo presidente Itamar, achava que era mais fácil. Toda manhã atendia os chefes para escutá-los. Presidente Itamar estava no desespero quando me pegou. Eu fui e fiz apenas ouvir. Tem que ouvir as pessoas”, apontou, em entrevista a Mário Kertész, hoje (22), na Rádio Metrópole.
Para o sociólogo, a sociedade está mais complexa do que nunca. Alvo do ódio de Bolsonaro, que já sugeriu “fuzilamento” contra FHC, o ex-presidente diz que nunca “levou ao pé da letra” a raiva do novo mandatário da República. “Diante da história, tem que ter paciência. Quem colocou o Bolsonaro lá? Foi o povo brasileiro. Não fui eu, não votei nele. Respeito. Ele é de um jeito, nunca o vi na vida. É uma coisa estranha, fui presidente, fui ministro e ele deputado, nunca o vi na vida. Teve uma época que ele dizia que queria fuzilar, mas nunca levei ao pé da letra. Mas o fato é que tem que respeitar, eu acho, as instituições. Agora, quando elas funcionam, o STF tem força, os militares, o Congresso tem força, a mídia tem força e a rede social tem força. Essa sociedade hoje é mais complexa do que jamais foi. Navegar nessa sociedade não é fácil”, analisou.
Bolsonaro inaugura, segundo o ex-presidente, a presidência de “compartilhamento”. “Um escritor, Cesar Prestes, escreveu e conceituou nosso sistema político como presidencialismo de coalizão. O presidente Bolsonaro foi e trouxe ‘a nova política’ como slogan. Acho que estamos passando por um presidencialismo de coalizão para um de compartilhamento. E o presidente não entendeu isso, ele é contra compartilhar. A Câmara está ocupando poderes, o Supremo Tribunal Federal está ocupando poderes e o Executivo está diminuindo”, apontou. (M1)
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