Associação também apresenta cartilha aos municípios, com alternativas para o gerenciamento de resíduos sólidos
O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, além de destacar a importância da preservação, tem especial significado no contexto de um mal que aflige mais da metade dos municípios brasileiros: os lixões. Num cenário de trâmites políticos que tentam prorrogar ainda mais o prazo para extingui-los, a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre) desenvolveu uma cartilha para mostrar ser possível resolver o problema e como o sistema de gestão de resíduos pode ser aprimorado.
"Não podemos mais prorrogar o prazo para o fim dos lixões", afirma Luiz Gonzaga, presidente da Abetre. "Pelas dimensões e características do Brasil, precisamos implementar aterros sanitários integrados, com capacidade de incineração, transbordo, triagem e compostagem para aprimorar o sistema de tratamento e reciclagem. Só dessa forma venceremos essa guerra em prol do ambiente".
A cartilha "Solução Multitecnológica Integrada para a gestão de Resíduos Sólidos Urbanos" contém informações sobre como seria uma estrutura ideal de aterros sanitários, locais de descarte e controle de resíduo que evitam a contaminação de solo e água, que podem ser integrados às tecnologias para garantir a qualidade ambiental das cidades brasileiras, assim como a sua sustentabilidade econômica e financeira.
Para se erradicarem os lixões é necessária a implantação de 500 aterros sanitários no País, atendendo 42 milhões de habitantes que ainda convivem com essa excrescência ambiental, em cerca de metade dos municípios brasileiros. "Trata-se de um investimento de R$ 2,6 bilhões (R$ 63,40 per capita), absolutamente viável, seja público ou privado. A questão é sua sustentabilidade, o que evidencia com clareza a necessidade de cobrança dos serviços", conclui Luiz Gonzaga.
Aterro com zero desperdício
Aterros sanitários poderão ser interligados às centrais especializadas de tratamento, como central de tratamento, descarte e reutilização de líquidos em processos industriais; espaço de Logística Reversa, que descaracteriza produtos para reciclagem; núcleo de triagem, para separação mecanizada ou manual de materiais recicláveis; termoelétrica de reciclagem e energia, visando a produção de energia a partir do biogás produzido pelo aterro; e local apropriado para compostagem, para monitorar resíduos orgânicos, reciclá-los e transformá-los em adubo para retorno a cadeia produtiva.
A existência dos lixões, além de causar danos ao meio ambiente, também causa mortes e problemas de saúde. Por exemplo, em Teresina, capital do Piauí, mesmo tendo dois aterros sanitários adequados e licenciados, o município continua destinando seus resíduos para o lixão da Prefeitura. Nesse local, um catador de lixo morreu no dia 7 de maio após ser atingido por uma retroescavadeira.
Em Belém do Pará, mesmo com as tentativas de acordo entre as prefeituras de Ananindeua, Belém e Manituba e o aterro local, os municípios já mostram desejo de destinar os resíduos sólidos no lixão de Aurá.
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