O levantamento divulgado nesta terça-feira (26), pelo Instituto Paraná Pesquisas traz uma informação preocupante do ponto de vista da construção da democracia brasileira: quase 42% da população estaria inclinada a não votar para deputado federal nas próximas eleições.
O número da pesquisa se restringe a votar para os integrantes da Câmara dos Deputados, mas seria facilmente extensível para os outros cargos. E, mesmo que se trate apenas de um dado amostral e que possa a vir a não ser confirmado nas urnas, abdicar o direito de votar abre um precedente ruim para a formação de um núcleo político ainda pior que o atual.
Não adianta tapar o sol com a peneira e fingir que senadores, deputados federais e deputados estaduais representam, efetivamente, a população brasileira. Até aqueles que, de alguma forma, chegam aos cargos legitimados como representantes de minorias, cedem facilmente aos encantos do poder e passam a defender mais os próprios interesses do que daqueles que os elegeram.
O não voto, em um país em que o sufrágio é obrigatório, significa abrir mão de um direito e a transmissão dele para quem não necessariamente concorda com os mesmos pensamentos. A diversidade e a pluralidade, principalmente no Legislativo, deveriam ser regras.
No entanto, no contexto em que há a ascensão do conservadorismo ocupando lugares de fala, tanto a diversidade quanto a pluralidade passaram a ser ameaçadas por figuras repetidas do cenário político nacional, a exemplo do próprio ex-presidente Lula e do deputado Jair Bolsonaro, os dois candidatos que melhor pontuam em pesquisas sobre as próximas eleições.
Essa desilusão com a política – gerada pela própria política – não vai levar a democracia longe. E pode transformá-la em algo pior do que já existe no Brasil. O desafio é reconquistar esses 42% dos eleitores e fazê-los acreditar que votar é melhor do que deixar que o outro escolha quem merece uma vaga de deputado federal. BN
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