por Fernando Duarte / BN
Foto: Leitor BN
Por vezes o universo é um pouco irônico. Há cerca de seis meses, a cidade de Jequié, com cerca de 160 mil habitantes, povoou o noticiário nacional com a distribuição de mochilas gigantes para alunos da educação básica do município. Foram inúmeros memes e piadas e até mesmo a prefeitura tirou proveito das imagens atípicas: crianças pequenas com mochilas pouco apropriadas para o tamanho delas. Eis que, na manhã desta terça-feira (5), a educação da Cidade Sol voltou a ser notícia, de uma maneira bem menos engraçada. Uma ex-vereadora da cidade, suplente na atual legislatura, foi alvo de medidas cautelares por um prejuízo com funcionários fantasmas nas escolas da rede municipal de ensino estimado em R$ 1,5 milhão, quando computados apenas os contratos da empresa Terceira Visão dos anos de 2016 e 2017. A prática revelada pela Operação Melinoe não é nova. Vereadores indicam funcionários para ocuparem postos dentro do Executivo e de empresas terceirizadas que prestam serviços à prefeitura, em troca de apoio para a votação de projetos considerados prioritários pelo gestor. No caso de Jequié, segundo a Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União (CGU), o acordo entre a ex-vereadora e a prefeitura aconteceu ainda na administração de Tânia Britto (PP), que chegou a ser afastada em mais de uma oportunidade do mandato, mas acabou reintegrada antes de deixar o cargo – que terminou ocupado pelo vice, Sérgio da Gameleira (PSB), eleito em 2016. Gameleira, inclusive, não é citado pelas autoridades policiais na operação deflagrada ontem. Já Tânia Britto retornou ao noticiário policial. Em um ano em que malas de dinheiro fizeram sucesso aos olhos dos brasileiros, talvez nem a mochila gigante dos alunos de Jequié comportaria os recursos movimentados pelo esquema revelado pela PF e pela CGU.
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