Foto: Bruna Castelo Branco / Bahia Notícias
Menos de 24 horas após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) conceder a prisão domiciliar ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o Ministério Público Federal (MPF) fez um novo pedido de prisão preventiva. Nesta segunda petição, a Procuradoria apresenta novas provas sobre o envolvimento do político baiano em fatos criminosos e também na tentativa de obstruir uma eventual delação premiada do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, identificado como operador de propina do PMDB. Segundo informações da Época, o MPF também apresentou um depoimento inédito de Funaro, em que o operador conta que levava malas de dinheiro para a residência de Geddel em Salvador. "O declarante fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima; que essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aerostar, localizada no aeroporto de Salvador/BA, diretamente nas mãos de Geddel; (…) que, realmente, em duas viagens que fez, uma para Trancoso/BA e outra para Barra de São Miguel/BA, o declarante fez paradas rápidas em Salvador/BA, para entregar malas ou sacolas de dinheiro para Geddel Vieira Lima", relatou Funaro. No depoimento, o operador disse ainda que as ligações feitas por Geddel lhe provocaram receio quanto a firmar o acordo de delação – a negociação vem se alongando desde sua prisão, em julho do ano passado. "Embora possuísse uma amizade com Geddel Vieira Lima, e não houvesse manifestações expressas de uso de violência por parte dele ou de outra pessoa, essas ligações insistentes por parte de Geddel, provocavam no declarante um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer algum acordo de colaboração premiada, tendo em vista que Geddel era membro do primeiro escalão do governo e amigo íntimo do presidente Michel Temer, e considerava possível que Geddel ou outros ligados a ele pudessem exercer influências políticas sobre algum órgão, ou até mesmo o Poder Judiciário, a fim de prejudicar o declarante, no caso de resolver firmar acordo de colaboração premiada; que por isso o declarante sempre orientou sua esposa a atender os chamados de Geddel e informar que estava calmo e tranquilo, justamente para transmitir a ideia de que não tinha a intenção de firmar acordo de colaboração; que essas comunicações reiteradas de Geddel geravam no declarante o sentimento de que estava sendo monitorado e em dado momento passou a ter receio sobre a segurança de sua esposa e filha, já que faziam deslocamentos para o presídio da Papuda em estrada pouco movimentada", sustenta o MPF. O ex-ministro da Secretaria de Governo telefonou 17 vezes para a esposa de Funaro, Raquel, durante 19 dias entre maio e junho deste ano. A defesa de Geddel nega que as conversas tenham tido intuito de obstruir as investigações ou de barrar o acordo negociado entre o doleiro e a Procuradoria. Ao conceder a prisão domiciliar, na tarde desta quarta (12), o desembargador Ney Bello, do TRF-1, considerou que ainda não havia motivo suficiente para justificar a preventiva determinada pelo juiz Vallisney Oliveira, na última semana (saiba mais aqui). Assim, Geddel foi submetido ao uso de tornozeleira eletrônica, que deve utilizar até que o juiz decida sobre o novo pedido do MPF. BN
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