Responsável pela leitura em plenário das acusações do Ministério Público Federal contra o presidente Michel Temer, a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) defendeu ao G1 a autorização da denúncia pela Câmara e a saída do PSDB do governo. As duas bandeiras levantadas pela parlamentar entram em confronto com as posições da cúpula do partido.
Após o envio da denúncia à Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF), coube à segunda-secretaria da Mesa Diretora da Casa, comandada por Mariana Carvalho, receber o documento e fazer a leitura em plenário para dar andamento ao processo.
Aos 30 anos de idade e com dois anos e meio de mandato, Mariana faz parte do grupo dos chamados “cabeças pretas” do PSDB – como ficou conhecida a ala mais jovem de parlamentares do partido. Em direção contrária à executiva nacional tucana, o grupo tem inclinação pelo desembarque do governo.
“Sou a favor do meu partido sair do governo, entregar os ministérios e desembarcar”, disse, ressaltando que a agenda de reformas poderia prosseguir, mesmo sem Temer no Palácio do Planalto.
Um dos principais partidos da base aliada de Michel Temer, o PSDB comanda os ministérios de Relações Exteriores; das Cidades; da Secretaria de Governo; e de Direitos Humanos.
Na avaliação da deputada, a permanência do PSDB no governo traz muito desgaste à sigla. “Não dá para o PSDB vir com discurso de que quer ser o novo se estiver ao lado de um partido que está manchado com a corrupção”, afirmou.
Uma possível troca de partido não está nos planos da deputada. Para ela, um número cada vez maior de membros do PSDB vem aderindo à defesa de que o partido deixe o governo. Por isso, na avaliação da deputada, a chance de ocorrer o desembarque está aumentando.
Denúncia
A deputada disse que irá votar pela continuidade da denúncia contra Temer. “Há algum tempo, eu achava que era difícil essa denúncia ser aceita pela Casa, mas hoje acredito que, pela gravidade, novos fatos, a Câmara vai dar ao Supremo a chance de fazer essa avaliação e o julgamento”, afirmou.
Mariana Carvalho é médica e advogada. Na Câmara, ela presidiu a CPI dos crimes cibernéticos. Em 2016, votou a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
“Quando votei pelo impeachment, não votei porque queria que o Temer assumisse, votei porque não dava para o país continuar como estava”, disse.
“Percebi que Temer conseguiu dar uma estabilizada no país. Mas a gente não está só discutindo a agenda positiva do país, a gente está discutindo uma questão ética. Muitas coisas avançaram, mas ele perdeu a credibilidade”, completou. Fonte: G1
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