Três cantores nacionais, entre eles um maranhense: o cantor e compositor Zeca Baleiro; uma atração internacional, o jamaicano Cedric Myton, blocos carnavalescos locais e milhares de pessoas em festa na avenida Beira-Mar e na Praia Grande, marcos históricos da cidade.
Nada disso rendeu pauta para a mídia controlada pela família Sarney no Maranhão. Na TV Mirante, emissora repetidora da Rede Globo no Estado, nem uma imagem ou citação sobre o Bloco do Baleiro, novidade deste ano no carnaval de São Luís.
Na quarta-feira de Cinzas, o jornalismo das mídias eletrônicas com linha editorial controlada pelos Sarney ignorou solenemente o encerramento do carnaval na capital maranhense. Atrás da atração que por anos a fio embalou as festas íntimas da ex-governadora do estado, a TV Mirante deslocou uma equipe para o município de Paço do Lumiar. No mesmo horário que Zeca Baleiro, Fafá de Belém, Tião Carvalho, Patativa e Criolina, Jeguefolia e Bloco do Reggae arrastavam uma multidão na Beira-mar, entre a Praia Grande e Praça Maria Aragão, a menos de 2,5 quilômetros da sede da TV.
Na triagem da pauta, a agenda negativa é imperativa para o “bom” jornalismo da TV Globo no Maranhão. A imagem borrada do estado é commodity para o jornalismo da concessão de TV que até recentemente acobertava toda e quaisquer falcatruas, desleixos, irresponsabilidades, e, sobretudo, descuido com a população em todas a setores. Internamente, a orientação é alvejar o governo e prefeitura. Ainda que a notícia seja aquele buraco aberto no asfalto devido a temporada de chuvas.
No arroubo milimetricamente oportunista, o velho Sarney costuma se derramar em amores pelo Maranhão. É seu torrão na acepção doentia. Basta um movimento que contrarie seus interesses de domínio no estado para que ele destile seu veneno. Às favas o verso do poeta português Fernando Pessoa, com os adversário sua alma é mesquinha.
Em sua coluna dominical, que chama de crônica, o político aborda o carnaval de São Luís com saudosismo. Com o ego no centro de tudo, enxerga apenas aquilo que acredita ser obra da sua autoria e da filha. Para ambos, a cultura popular e seus representantes não passam de massa de manobra, de fácil cooptação ludibriados por uma emulação de migalhas do erário. Em tempo de quaresma, vade retro, Sarney. http://www.ma10.com.br/marrapa
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