Quatro meses antes de Emílio Odebrecht, presidente do grupo que leva o sobrenome da família, admitir que o caixa 2 “sempre existiu” na empreiteira (veja aqui), o ex-governador Jaques Wagner apontou, ao Bahia Notícias, que o artifício era uma regra no sistema político brasileiro. Em novembro do ano passado, Wagner apontou que todos os partícipes do cenário político adotavam a prática para se manter como parte do jogo.
“O nome que se dá de caixa 2 dá a impressão que o cara está numa falcatrua. Não, o cara pegou aquele dinheiro e foi fazer campanha. O sistema era esse, todo mundo operou nesse sistema”, disse Wagner, à época coordenador do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes) na Bahia. O ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff expôs o que a classe política, em diversos momentos, tentou negar.
“Eu quero contribuição de campanha, se a contribuição puder ser oficial, é sempre melhor. Aí o empresário diz: ‘Ah, eu não quero dar para que meu nome não apareça. E o cara está precisando. O sistema é esse. O cara que está fazendo a campanha dele vai dizer ‘Não quero’?. Falta uma semana para a campanha, o cara diz ‘Tenho R$ 100 mil aqui’, mas não quero que meu nome fique aí. Você vai dizer ‘não quero, muito obrigado’? E o vizinho vai pegar? O sistema é indutor disso”, explicou Wagner, admitindo que todos os interlocutores políticos sobreviveram nesse “sistema” (veja aqui).
Em tempos de uma nova lista da Procuradoria Geral da República sobre a Operação Lava Jato com a delação premiada dos executivos da Odebrecht, e de caixa oficial com investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), resta saber quantos operadores políticos ficaram fora do uso de caixa 2. Fonte:BN
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