por Samuel Celestino*Foto: Beto Barata/ PR
O presidente Michel Temer ficou diante da cruz e da caldeirinha entre ir à China para participar do G-20 ou ficar no país. Tentou deixar tudo arrumado, aceitando que Dilma Rousseff, já na segunda votação ocorrida no Senado, tivesse direito de exercer funções públicas com a compreensão dos partidos da sua base aliada e deu no que deu. Já no dia subsequente, os advogados de Rousseff entraram, ainda pela manhã, com um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir o impeachment no entendimento que ela não cometera crime de responsabilidade. Não demorou. À tarde, choveram mandados de segurança no STF para que a ex-presidente ficasse durante oito anos (como está na Constituição) impedida de exercer funções públicas, antes já aceitas por Temer e pelos partidos da sua base, em acatamento à decisão presidencial. Estabeleceu-se, com o presidente na China para, dentre outras tarefas, assinar contratos empresariais, aquilo o que não era esperado tão cedo: o país voltou à berlinda sem saber o que irá acontecer, porque a decisão final já não será da presidência, mas sim do Supremo Tribunal Federal. Estabeleceu-se uma nova expectativa inesperada na República. Dilma conseguirá um novo processo de impeachment, ou perderá para o mandado de segurança que a impede de ficar por oito anos sem exercer cargos públicos? O que na verdade se esperava era que, com o final do processo de impeachment, e com a decisão majoritária de 61 votos contra 20, o país se pacificasse e cuidasse das suas reformas, absolutamente necessárias, entrando definitivamente nos eixos. Ainda não será bem assim. Imerso em problemas e numa crise econômica perversa, a maior que se tem notícia, esperava-se – e ainda se espera – que possamos mudar de rumo. As dificuldades são de tal ordem que já não há condições de aguentar. BN
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