Foto: Agência Brasil
E-mails apreendidos pela força-tarefa da Operação Lava Jato na sede da Odebrecht em junho de 2015 mostram que o presidente afastado Marcelo Bahia Odebrecht tinha ligações com o Setor de Operações Estruturadas. Era este o departamento responsável pela distribuição dos "acarajés", termo por meio do qual o grupo se referia à propina. Uma das mensagens registra a reunião com executivos para tratar da "avaliação do primeiro semestre e planejamento para o segundo", do setor com MO - como o presidente afastado era chamado. "Darci, gostaria de agendar reunido com MO com os copiados acima para a segunda semana de agosto. Assunto: Operações Estruturadas - avaliação do primeiro semestre e planejamento para o segundo semestre. Duração: 1h. Grato", escreveu Paulo Cesena, presidente da Odebrecht TransPort, em e-mail enviado em 19 de julho de 2009. A mensagem encaminhada para Darci Luz, secretária de Odebrecht, foi copiada para o empreiteiro e os executivos Hilberto da Silva Filho, principal responsável pelo Setor de Operações Estruturadas, e Adriano Juca. A mensagem e outras apreendidas estão reunidas em um documento de 29 páginas anexado aos autos da Lava Jato. O material embasou a Polícia Federal nos questionamentos a Maria Lúcia Guimarães Tavares, em 29 de abril de 2016, para saber o quanto Marcelo Odebrecht sabia sobre o funcionamento do setor. De acordo com o Estadão, a Lava Jato diz que tem provas efetivas sobre a participação de Odebrecht no "departamento de propina". Isso por causa da descoberta do setor, da delação de Maria Lúcia e do bloqueio de contas secretas ligadas ao grupo na Suíça. "Embora a sistemática de pagamento reiterado de propina já existisse e fosse empregada há muito tempo pelas diversas empresas do grupo, Marcelo Odebrecht, no exercício de sua atividade de liderança empresarial, no período de pelo menos 2009 a 2015, fez com que funcionasse no âmbito do conglomerado empresarial um setor específico e especializado na lavagem de capitais e no pagamento de vantagens indevidas, o Setor de Operações", sustentam os investigadores. O Grupo Odebrecht informou que não vai se manifestar sobre o assunto. BN
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