por Adriana Fernandes | Estadão Conteúdo**Foto: Reprodução / Portal do Holanda
Para garantir o cumprimento da meta fiscal diante de um quadro de receitas surpreendentemente baixas, o governo está trabalhando num novo corte no Orçamento deste ano, segundo informou uma fonte da área econômica. O valor ainda está em discussão e varia de R$ 5 bilhões a R$ 20 bilhões. A diferença está na decisão, ainda não tomada, sobre se o governo federal vai ou não buscar um resultado fiscal melhor para compensar a frustração do desempenho das contas de Estados e municípios. "Estamos trabalhando para isso (o novo corte). Como a arrecadação está frustrando as expectativas, terá necessidade de até o final do ano cortar despesas", afirmou um integrante da equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O governo terá que fazer um corte em um grupo de despesas e, ao mesmo tempo, terá de liberar recursos para despesas emergenciais. "Essa gestão é permanente. Quando está sobrando é mais tranquilo, mas temos uma meta de déficit de R$ 170,5 bilhões", comentou a fonte. O governo, afirmou, não quer correr riscos de descumprimento da meta. "Se tiver o risco, temos que agir agora, não dá para esperar", disse. "É um processo de torniquete", comparou. A meta de resultado das contas públicas é fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o setor público como um todo, o que abrange União, Estados, municípios e empresas estatais. Quando algum desses entes tem uma performance abaixo do esperado, o governo federal precisa apertar ainda mais o cinto para compensar a diferença para garantir que o resultado previsto na lei seja alcançado. Neste ano e em 2017, a LDO diz que, em caso de frustração, a União não está obrigada a fazer um esforço adicional. O grande debate, no momento, é se essa autorização legal será ou não utilizada. O Ministério da Fazenda defende o compromisso com a meta de todo o setor público e, por isso, entende ser necessária a compensação do déficit dos governos regionais. Mas outros setores do governo, entre eles o Ministério do Planejamento, avaliam que a compensação só deverá ser feita se o desempenho das receitas melhorar até o fim do ano. Se não houver compensação, a meta prevista para o setor público consolidado de déficit R$ 163,9 bilhões poderá ser maior, sem a compensação do resultado negativo esperado para os Estados e municípios. Técnicos sabem que as contas dos governos regionais fecharão no vermelho porque o acordo de refinanciamento das dívidas com o Tesouro Nacional abriu espaço para mais gastos. O impacto negativo estimado é de R$ 20 bilhões.
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