Por ter sido filmada usando roupa curta em uma festa de estudantes, a repórter Paola Silveira, da rádio 97 FM, de Frutal (MG), foi impedida de exercer seu trabalho no quartel do Corpo de Bombeiros da cidade. Terra
O tenente dos bombeiros, Sérgio Luís Magalhães Júnior, alegou que a moça – que fazia tomadas diárias das notícias de polícia diretamente do quartel – poderia “manchar a imagem da corporação” por ter aparecido no vídeo dançando com roupa curta. Aluna do último ano de jornalismo da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Paola participava, com outras garotas, de uma brincadeira promovida por estudantes da escola. Em cima de um palco, ela dançava, vestida com um top e uma microssaia, deixando aparecer um pequeno short, apertado, que vestia por baixo da microssaia. O filme viralizou pelo WhatsApp e chegou ao comandante, que na última terça-feira (9) decidiu impedir a moça de fazer o “Giro de Notícias” do local. “Eu fui até o quartel para fazer duas gravações, mas quando ia fazer a segunda, fui impedida. Ele disse que eu não era bem-vinda e que estava impedida de trabalhar lá”, contou Paola. Segundo ela, a repreensão do comandante ocorreu diante de outros militares e presenciada por outra repórter que a acompanhava. “Ainda tentei argumentar dizendo que o local era público, mas daí ele me disse que iria proibir os outros militares de me passar informações, o que de fato ele fez durante a cerimônia de hasteamento da bandeira”, acrescentou a repórter. “Nunca me senti tão humilhada em minha vida. Eu não fiz nada mais do que uma universitária faz em uma festa de estudantes. Era só uma brincadeira de universitários”, afirmou. “Além do mais, minha vida particular não tem nenhuma relação com minha vida profissional”, contou Paola, que há sete meses fazias as tomadas do quartel e que chegou a desempenhar a personagem de mamãe Noel durante uma festa de final de ano dos bombeiros.
“Primeiro ele veio aqui e nos avisou que não queria mais a moça lá por causa do vídeo. Depois, na terça-feira passada (9), ele proibiu que ela fizesse seu trabalho no quartel”, contou o Romero Brito, dono da emissora. Segundo ele, depois de censurar sua funcionária, o tenente ainda usou outra desculpa. “Ao ver que ficou mal, ele usou a desculpa de que a proibição era era porque a repórter ia trabalhar com roupas decotadas, mas isso é mentira porque todas nossas repórteres, que são quatro, usam uniforme da emissora quando estão em serviço”, completou Brito. A emissora entrou com denúncia na Corregedoria da Polícia Militar. “O que ele fez foi cercear o trabalho de nossa jornalista e esperamos agora que a Corregedoria e o comando da PM tomem alguma atitude para punir esse abuso contra a liberdade de imprensa”, comentou. Além da emissora, profissionais de comunicação de Frutal e região e professores da UEMG protestaram contra a atitude do tenente dos Bombeiros em uma nota de repúdio divulgada pela internet. O tenente não foi localizado nesta sexta-feira (12) para falar sobre o assunto. No quartel, a informação era de que ele tinha viajado para Belo Horizonte. Segundo o sargento Bruno Henrique, o tenente seria comunicado e daria retorno à reportagem, o que não foi feito até o encerramento desta. Segundo Henrique, as ordens no quartel continuam as mesmas deixadas pelo tenente: nenhuma informação é para ser repassada para a repórter. A emissora informou que mantém a repórter na mesma função, o que deve fazê-la retornar ao quartel. “Ela deve retornar se surgir alguma pauta e então vamos ver como estão as coisas”, afirmou Brito. “Eu volto, basta surgir uma pauta que retorno, afinal é esta minha função”, afirmou Paola. (Terra)
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