Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP) estão elaborando um banco de dados com objetivo de traçar o perfil do rosto brasileiro e mapear seus diferentes traços. Com ajuda de um equipamento importado, é possível produzir uma imagem digital 3D que detalha os aspectos fundamentais da face.
Segundo os profissionais envolvidos, a tecnologia ajuda a minimizar erros em procedimentos cirúrgicos e tem o intuito de futuramente auxiliar em reconstituições faciais.
Projeto "Vectra"
Iniciado em 2011, o projeto “Vectra”, apontado pela equipe como inédito no Brasil, tem se debruçado sobre semelhanças e diferenças na fisionomia dos brasileiros a partir de uma técnica denominada estereofotogametria. Nesta, o equipamento utiliza seis câmeras para captar medidas lineares, angulares e de área do rosto e depois reproduzi-lo em uma imagem digital tridimensional.
De acordo com o professor Marco Antônio Rodrigues da Silva, coordenador do projeto, a técnica é específica para tecidos moles, como lábio, olho, bochecha e pele, uma vez que não capta os ossos. “Essa tecnologia é a menos evasiva possível, já que o software dá automaticamente todas as medidas. Ele pode fazer um desenho prévio, o que facilita muito os procedimentos médicos e minimiza a possibilidade de erro”, explica.
Segundo Silva, o equipamento é usado em diferentes áreas de saúde, mas é ainda mais eficaz em algumas especialidades, como a cirurgia plástica. “A maior indicação desse equipamento é na área de cirurgia plástica, porque você pode fazer uma simulação prévia de como o paciente vai ficar depois de operado, sem fazer nenhuma intervenção. Faz uma verdadeira escultura da face”, diz.
Na odontologia, o equipamento permite acompanhar todas as etapas de um tratamento e projetar as próximas fases. Futuramente, a técnica também pode facilitar procedimentos de reconstituição facial.
Todos os resultados da pesquisa são colocados em um banco de dados para a elaboração de um perfil dos rostos analisados e, com isso, o mapeamento dos traços brasileiros. O projeto já captou cerca de 120 imagens de adultos – cada análise demora, em média, dez minutos.
Com um conjunto de informações mais completo, os pesquisadores querem definir as singularidades regionais e étnicas, além de mostrar as diferenças entre povos de outros países.
“O que a gente busca com o equipamento é ampliar a nossa amostra para as cinco regiões do país, já que hoje temos um banco de dados regional. Também queremos um banco com grupos específicos, como asiáticos, europeus e negros. Assim vamos definir o padrão brasileiro”, ressalta Silva.
Em dez minutos, equipamento capta as medidas do rosto e gera imagens 3D (Foto: Carlos Trinca/EPTV)
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