THIAGO BRONZATTO*http://epoca.globo.com
O empresário Adir Assad, em depoimento na CPMI do Cachoeira, em agosto de 2012 (Foto: José Cruz/ABr)
O empresário Adir Assad foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira, na mesma etapa da Operação Lava Jato que encarcerou o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Assad ficou conhecido há três anos como um operador da construtora Delta, ligada ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Agora, o Ministério Público Federal acusa Assad de repetir os serviços prestados à Delta no escândalo da Petrobras, ou seja, usar suas empresas de fachada para lavar dinheiro e intermediar propinas entre 2009 e 2012 – no caso específico, para Renato Duque e Pedro Barusco, o gerente de serviços da Petrobras que se tornou delator do esquema.
De acordo com os procuradores, Assad lavou cerca de 40 milhões reais desviados das obras de reforma e modernização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, a Repar, feitas pelo consórcio Interpar, formado pelas construtoras MPE, Mendes Júnior e SOG. Assad, segundo o MP, usou as empresas Legend Engenheiros Associados, a Power To Ten Engenharia Ltda., a Rock Star Marketing Ltda., a Soterra Terraplanagem e Locação de Equipamentos, a SM Terraplanagem Ltda. e a JSM Engenharia e Terraplanagem para drenar recursos da estatal e encaminha-los a contas de Duque e Barusco. Pelo contrato original, de 2008, a obra deveria custar R$ 2,8 bilhões. Em outubro de 2011, ÉPOCA mostrou que a Polícia Federal abrira inquérito para investigar superfaturamento nas obras de modernização da Repar. Segundo uma análise do Tribunal de Contas da União feita em 2010, o superfaturamento da obra foi de R$ 1,4 bilhão. O TCU chegou a pedir ao Congresso a paralisação das obras, no que foi atendido. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, derrubou o veto do Congresso em janeiro de 2010 -- e manteve a obra da Repar em andamento.
Em sua delação premiada, o executivo Augusto Ribeiro de Mendonça, representante da SOG no consórcio, disse que o contrato firmado com a Repar teria resultado em pagamentos de cerca de 70 milhões. Os desembolsos desses recursos ilegais ocorreram de três formas: parcelas em espécie, remessas para o exterior e doações oficiais ao Partidos dos Trabalhadores (PT). O esquema de drenagem teria funcionado por meio de contratos de fachada de aluguéis de equipamentos e terraplenagem para a obra da Repar assinados entre a Setec e as empresas Legend Soterra, Power, SM Terraplenagem e Rockstar, que tinham entre os seus acionistas o empresário Assad. Segundo Augusto Ribeiro, a propina teria sido paga algumas vezes sem seu escritório em São Paulo para um emissário de Duque apelidado de “Tigrão”.
Assad se tornou nacionalmente conhecido quando foi relacionado como suspeito de participar do desvio de cerca de 421 milhões de reais por meio de contratos superfaturados da construtora Delta. Na busca e apreensão realizada pela PF na manhã desta segunda-feira, foram encontradas diversas obras de arte que pertenciam a Assad, o que, segundo os investigadores, configura indícios de lavagem de dinheiro. Os bens foram apreendidos. Junto com Assad foram presas também suas sócias Daria Teixeira Alves Júnior, Sonia Mariza Branco e Sueli Maria Branco. O advogado de Adir Assad, Miguel Pereira Neto, afirma que ainda não teve acesso à íntegra da acusação feita contra o seu cliente. “De qualquer forma, vamos adotar as medidas necessárias para revogar a prisão preventiva”, diz Pereira Neto. “Ele vai prestar os esclarecimentos solicitados e vai contribuir com a Justiça, mas dentro das possibilidades de revogação da prisão”.
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