Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em 2013, a Bahia ostentou alguns dos piores indicadores do país com relação à doação de leite materno. O estado ficou em último lugar em três das categorias analisadas pela pesquisa: litros de leite coletados por bebê nascido em 2013, com somente 0,018 litro coletado por bebê; porcentagem de mães doadoras em 2013, com apenas 1,8% das mães sendo doadoras; e cobertura de recém-nascidos com leite materno, com 1,5%. A falta de divulgação sobre a importância da doação de leite materno explica os indicadores tão ruins mostrados pela Bahia. É o que afirma Cibele Correa, coordenadora do Banco de Leite Humano do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba).
“No pré-natal, as mães não são avisadas, os profissionais não conscientizam as mães da importância da amamentação. No pós-parto, as maternidades não fazem o trabalho de incentivar, apoiar a mãe, mostrar a importância da amamentação para a saúde das crianças”, explica. A coordenadora ainda afirma que o poder público também não contribui com ações que possam modificar a situação. “O governo federal, municipal e nem o estadual fazem campanhas para divulgar a importância da amamentação e a cultura vai se acabando. A mãe que não amamenta não passa a importância da amamentação para a filha”, ressalta. No entanto, a pesquisa não mostrou apenas resultados ruins. Os dados apontam para avanços quando o assunto é a doação de leite materno. Entre 2006 e 2013, houve aumento de 75% no número de mães doadoras e de 110% na cobertura de recém-nascidos.
Cibele afirma que há uma melhora, mas ela ainda “é tímida”. “Algumas coisas são feitas, porém de forma muito tímida, não alcançando grande parte da população. A gente vê que há uma melhora, tem a campanha 'Hospitais Amigos da Criança', da Unicef em parceria com o Ministério da Saúde, que estabelece critérios para que eles se tornem amigos da criança, ou seja, hospitais que incentivam a amamentação. Porém, esse programa ainda é muito tímido. Seria necessária uma divulgação maior”, complementa. Cibele ainda acrescenta que a importância de doar o leite materno está em “salvar vidas”. “O leite é distribuído para bebês prematuros. Temos um índice muito alto, e que cresce cada vez mais, de bebês prematuros e eles precisam, realmente, do leite materno, pois é o alimento padrão para o crescimento e proteção contra as infecções”, afirma.
A coordenadora do Iperba ainda explica quais os critérios adotados para que uma mulher possa se tornar doadora. “Primeiro, ela precisa ter uma produção excedente de leite. Segundo, ela precisa ser saudável. Nós pedimos cópia de exames de pré-natal, HIV, hepatite, sífilis para que a gente possa avaliar o estado de saúde desta mulher para que, a partir daí, ela possa se tornar uma doadora com segurança”, explica. Cibele Correa também afirma que o processo de doação é simples. “Basta apenas uma ligação para o banco de leite para o número (71) 3116-5118 e, a partir daí, a gente desencadeia o processo, fazendo o cadastro e indo até a residência da mãe, com todos os materiais necessários para a doação, para recolher o leite”, afirma.
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