Os reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste iniciam novembro nos níveis mais baixos em 20 anos, segundo levantamento da consultoria Thymos, especializada em energia elétrica. O cálculo leva em consideração principalmente o desempenho das usinas instaladas nas bacias dos rios Paranaíba e Grande, que, juntas, respondem por quase 65% da geração de energia do País.
O cenário é considerado "crítico". As barragens das usinas estão com volume de água menor que o registrado em 2000, às véspera do racionamento - segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível hoje está em 18,8% e a previsão é chegar ao final de novembro com 15,5%.
Pesa também nesse quadro o fato de as térmicas, que suprem a falta das hidrelétricas, estarem operando quase ininterruptamente há dois anos, apesar de não terem sido projetadas para funcionarem por períodos tão prolongados.
Segundo João Carlos Mello, presidente da Thymos, a prolongada falta de chuvas na região eleva o risco de racionamento no ano que vem. "Hoje, o risco de racionamento é da ordem de 25%", diz. "Se as chuvas do próximo verão forem parecidas com as do verão passado, o risco será ainda maior: sobe para 40% entre abril e maio de 2015."
O ONS, que é responsável pela gestão das usinas, tem priorizado o uso de qualquer reserva para gerar energia, sacrificando até outros usos da água, como a irrigação e o transporte fluvial. Um indicativo dessa tendência é a operação do Complexo de Ilha Solteira e Três Irmãos, no rio Paraná. Desde meados do ano, o complexo opera abaixo do chamado volume útil.
Numa comparação com o sistema de abastecimento de água, o complexo está usando o volume morto da represa para gerar energia. De acordo com o ONS, é uma estratégia normal, que já foi usada em outros momentos.
Segundo a Companhia Energética de São Paulo, que tem a concessão da usina, o nível da represa de Ilha Solteira está em torno de 3 18 metros abaixo do nível mínimo útil operacional, o que corresponde a -53,60% do volume útil - assim mesmo, com sinal negativo. Para Mello, a tendência é que essa receita seja repetida em outras usinas.
Para mostrar de perto os impactos da seca sobre as usinas, a série Caminhos da Seca desta semana foi até a Bacia do Rio Grande, que abrange uma área de 143 mil km² entre Minas e São Paulo. Além da importância na geração elétrica, Seus afluentes também irrigam importantes áreas do agronegócio, como a de cana-de-açúcar, que tem sido castigada pela falta de água. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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