Mãe do vigilante Thiago Henrique Gomes da Rocha, a dona de casa Sônia, 43 anos, sempre olhou com certo estranhamento o jeito fechado do filho quando criança. De acordo com a polícia, Rocha, 26 anos, confessou ter matado 39 pessoas, uma suspeita que a a dona de casa tem dificuldade em acreditar.
Quando o filho nasceu, Sônia tinha de 17 anos. A criança nunca conheceu o pai. Com dificuldades financeiras, a então adolescente precisou trabalhar como doméstica e diarista e o garoto praticamente foi criado pela avó materna até a adolescência.
Ao falar sobre a infância do filho, Sônia deixa transparecer um indisfarçável sentimento de culpa.
— Eu era muito ausente. Geralmente, era minha mãe quem cuidava dele. Eu trabalhava, era nova, ficava menos em casa. Ele teve uma infância conturbada. A gente passava necessidade. Foi uma situação muito difícil. Às vezes, passa pela minha cabeça que talvez eu devesse ter ficado mais tempo com ele.
Thiago Henrique Gomes da Rocha foi um garoto de poucas palavras. Segundo a mãe, não se entrosava com outras crianças.
— Thiago foi um menino calado. E eu sempre pensei em levá-lo para fazer um tratamento, mas nunca tomei uma atitude. Talvez, pela situação financeira. Ele não se entrosava. Ficava mais separado das outras crianças. A gente achava diferente.
Sônia teve outro filho, cerca de um ano mais novo do que o primogênito. Ao contrário do irmão, que é casado, Thiago Rocha, apesar da boa aparência, supostamente nunca teve um relacionamento afetivo, conforme a dona de casa.
— Que eu saiba, ele não teve namorada.
A mãe define o filho como “uma pessoa muito boa” e diz que, com ela, o jovem “era carinhoso”. Antes de ser preso no dia 14 de outubro, Rocha vivia com a dona de casa em um bairro da periferia de Goiânia. Ele trabalhava como vigilante em um dos maiores hospitais do Estado. Entre os colegas de empresa, era considerado acima de qualquer suspeita.
Questionada sobre o que espera para o futuro de Rocha, Sônia, atordoada com a possibilidade de o filho ser um assassino em série, faz um apelo:
— O que eu queria é que ele passasse por um tratamento [psiquiátrico].
Crimes
Em aproximadamente sete meses, 15 mulheres foram mortas em Goiânia. A primeira vítima foi a adolescente Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, assassinada no dia 18 de janeiro. A última vítima desta série de crimes foi outra adolescente, Ana Lídia de Souza, também com 14 anos, baleada em um ponto de ônibus no dia 2 de agosto. Todas essas vítimas, que tinham idades entre 14 e 29 anos, foram atacadas da mesma forma: um motoqueiro se aproximava, atirava e fugia sem levar nada.
Em razão dos assassinatos, uma força-tarefa foi criada pela polícia de Goiânia, que começou a seguir as pistas do suspeito e a investigar também outros crimes. No início, a polícia dizia não acreditar que os homicídios tivessem sido cometidos por uma única pessoa. Entre os motivos que reforçavam a hipótese, estava o fato de que, nos depoimentos colhidos, testemunhas terem citado motocicletas de diferentes marcas e cilindradas. Além disto, as características físicas dos suspeitos também divergiam.
O vigilante foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança no dia 12 de outubro, perto de uma lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. Segundo testemunhas, o motociclista tentou atirar na vítima, mas a arma falhou. Então, ele chutou a boca da jovem e fugiu.
Rocha foi preso em casa, em um bairro da periferia de Goiânia na noite do dia 14. Até agora, conforme a polícia, o número de homicídios relacionados ao jovem seria 39, mas a quantidade de mortes pode ser maior. Entre as vítimas, estão moradores de rua, mulheres e homossexuais. No início, ele mataria aleatoriamente, mas depois teria adotado um padrão, conforme a investigação. Imagens de câmeras de segurança foram fundamentais para que a polícia chegasse até o vigilante.
Foto: Divulgação/Polícia Civil - Fonte: R7
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