A presidente Dilma Rousseff (PT) fala com governadores da base aliada em encontro em Brasília nesta terça-feira (7) (Foto: Eraldo Peres/AP)
Duas lideranças importantes do PT e muito próximas à presidente Dilma Rousseff – o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel – a aconselham a não repetir a “pancadaria” do primeiro turno da eleição contraMarina Silva (PSB) na disputa do segundo turno contra o senador Aécio Neves (PSDB). Os dois são de fora de São Paulo, onde a rinha entre tucanos e petistas, há duas décadas, vem dando também o tom cada vez mais beligerante da política nacional. “Campanha não vale tudo”, disse Pimentel. É um bom conselho, que Dilma deveria ouvir, desconsiderando a máxima cunhada pelo sociólogo e cientista político Antônio Lavareda, segundo a qual “segundo turno não é para empresa de construção, é mais para firma de demolição”.
Aécio saiu na frente nas articulações para a conquista do apoio de Marina no segundo turno. Mesmo uma declaração de voto dela não dará o passaporte da vitória para ele. Com um sólido apoio nas regiões Norte e Nordeste, a larga experiência do PT em bater o PSDB em segundos turnos e as dificuldades que Aécio terá para traduzir a vontade de mudança em união em torno do seu nome, Dilma guarda ainda grandes trunfos para vencê-lo. Mas como tentará fazer isso? O problema de levar ao pé da letra o parecer dos marqueteiros, segundo o qual segundo turno é uma disputa de quem demole mais rápido, é que ela terá um país a governar no dia seguinte – e não o fará apenas com propaganda.
Se optar pela tática da carnificina, do “nós contra eles”, a preferida por muitas correntes do PT paulista, Dilma poderá até vencer o “segundo turno mais longo da história”. Mas o prêmio da vitória poderá ser o governo de uma terra arrasada no dia seguinte. Continuará a existir uma sociedade insatisfeita com o modo como ela governou no primeiro mandato, como mostra o seu índice inferior a 42% dos votos válidos no primeiro turno. Continuará a haver um monte de cadáveres deixados ao longo do caminho: uma oposição mais forte e mais ressentida; um Congresso Nacional mais fragmentado do que nunca, com 28 partidos na Câmara dos Deputados e um PT com uma bancada menor. Pior. Enquanto a sociedade clama por melhores serviços públicos, serão necessários ajustes na economia por causa da situação das contas públicas, do déficit crescente nas transações com o exterior e da estagnação do crescimento da economia. Tudo isso em meio a uma crise política já contratada por causa do escândalo do petrolão, que promete ceifar cabeças de aliados importantes do governo.
É uma situação complexa, que exigirá algo que não condiz com uma campanha na base do extermínio dos adversários: capacidade de diálogo. Qualidade que faltou a Dilma até agora. http://epoca.globo.com
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