Camila Moreira, da Reuters
São Paulo - A indústria brasileira não conseguiu sustentar a força proporcionada pelo fim da Copa do Mundo e voltou a contrair-se em setembro, prejudicada por quedas na produção e no volume de novos pedidos, apontou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta quarta-feira.
O PMI apurado pelo Markit recuou em setembro a 49,3, deixando para trás o recorde de alta de cinco meses de 50,2 registrado em agosto, quando a produção e a assinatura de novos negócios aumentaram com o fim do evento esportivo. Com isso, volta a ficar abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração, território em que permaneceu em cinco dos últimos seis meses.
"Com o número de setembro, o PMI de indústria encerra o terceiro trimestre a 49,6, sugerindo que a indústria brasileira permaneceu em contração após encolher no segundo trimestre", destacou o economista-chefe do HSBC André Lóes.
O volume de produção na indústria, segundo o Markit, recuou em setembro pela quinta vez nos últimos seis meses, diante do enfraquecimento do mercado em geral e da proximidade das eleições, destacadamente no subsetor de bens de investimento.
Ao mesmo tempo, a demanda mais fraca afetou o volume de novos pedidos, que encolheu pela taxa mais rápida desde maio. Somente a subcategoria de bens de capital viu aumento.
Com tudo isso, os empregos na indústria foram cortados pelo segundo mês seguido em setembro, sendo que a forte queda no nível de funcionários na categoria de bens de investimento superou as contratações nas outras.
Em relação a preços, os dados da pesquisa apontaram que pela primeira vez desde agosto de 2009 houve evidências de pressão para baixo nos custos de insumos.
Com isso os preços dos produtos caíram em setembro pela segunda vez em mais de dois anos e meio, com os entrevistados atribuindo isso ao enfraquecimento do mercado. Em julho a produção industrial brasileira, último dado disponível, chegou a crescer após cinco meses de queda, com alta de 0,7 por cento, mas analistas não consideraram o resultado como o início de tendência de recuperação para o setor.
Na quinta-feira o IBGE divulga os dados de agosto da produção, e pesquisa da Reuters aponta crescimento muito baixo, de apenas 0,1 por cento sobre julho, dando pouco sinais de recuperação da recente crise.
As perspectivas para o setor neste ano são negativas, em meio a baixos níveis de confiança. Pesquisa Focus do Banco Central mostra que a projeção de economistas de instituições financeiras é de que o setor vai encolher 1,95 por cento em 2014, quando o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar apenas 0,29 por cento.
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