BLOOMBERG NEWS - O Globo
ROMA, MILÃO E HONG KONG - Clotilde Narzisi e Luca Soliman tocaram o Caffe Orefici, junto à Catedral de Milão, por dez anos. Forçados a vender o negócio por conta da alta tributação, eles disseram que sua úncia esperando é deixar a firma nas mãos dos chineses.
— Eles são os únicos que estão comprando — diz Clotilde, de 43 anos, durante um intervalo após o almoço de executivos e consumidores no coração da capital financeira da Itália. — Nós queremos vender, os impostos são muito altos: nós trabalhamos oito horas por dia para o Estado e uma para nós mesmos.
O Caffe Orefici figura em um dos 18 mil anúncios publicados desde fevereiro do ano passado no site Vendereaicinesi.it (”venda para os chineses”, em italiano), uma página que ajuda os italianos, atingidos em cheio para terceira recessão em seis anos, a atrair ofertas de asiáticos para seus produtos, serviços, negócios e propriedades. Na primeira metade deste ano, as falências bateram um recorde e chegaram a oito mil, conforme informações do Grupo Cerved.
Enquanto as lojas italianas se voltam para a comunidade chinesa, as maiores companhias do país estão buscando investimentos diretamente junto ao gigante asiático. Neste ano, o país europeu tem sido o maior alvo da China depois do Reino Unido, com aquisições de US$ 3,43 bilhões, de acordo com dados da Bloomberg.
Durante vista a Pequim em junho, o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que tenta reduzir o segundo maior débito da Europa (€ 2 trilhões), instou os investidores chineses a comprar fatias de companhias italianas, seguindo o exemplo de Grécia e Portugal — os dois levantaram, junto aos asiáticos, recursos para sair de seus programas de resgate. Terá oportunidade de reforçar a sugestão no dia 16, quando o premier chinês Li Keqiang irá ao encontro de líderes europeus e asiáticos em Milão.
Os donos do Caffe Orefici se voltaram para o site Vendereaicinesi.it depois de buscar interessados com um corretor local, sem sucesso. O Vendereaicinesi.it traduz os anúncios para o mandarim — numa página espelhada, a Maimaiouzhou.com — e, por uma taxa, transmite as ofertas a outros sites chineses. As ofertas incluem uma sorveteria na Toscana, uma loja de jeans em Cremona e uma Ferrari 458. O anúncio do Caffe Orefici já foi visto 400 vezes em três semanas, e os proprietários receberam quatro manifestações de interesse.
— Percebemos que estava faltando uma ferramenta online para ligar italianos e chineses — disse Simone Toppino, de 35 anos, que fundou, junto com o irmão Alberto e o amigo Alessandro Zhou, o website. Eles cobram de € 42 a € 90 por seus serviços.
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