POR RODOLFO LUCENA
Mais uma desgraça enluta o mundo da corrida no Brasil.
No Mato Grosso do Sul, um corredor morreu enquanto participava da 6ª Meia Maratona Internacional do Pantanal Volta das Nações na manhã deste domingo, 12 de outubro.
Segundo relato publicado no jornal eletrônico mediamaxnews, Juliano Batista, de 30 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória a cerca de um quilômetro da chegada. Foi socorrido, mas não resistiu.
O irmão de Juliano, Reinaldo Francisco, contou que este é o segundo ano em que eles participam do evento. Disse que, perto do final da prova, alcançou o irmão e perguntou se estava tudo bem. “Ele disse que estava cansado, então falei pra ele diminuir o ritmo, por causa do calor”, afirmou. Metros à frente, Juliano passou mal e caiu.
O Corpo de Bombeiros informou que o atleta foi socorrido no local, mas as tentativas de reanimação não deram resultado. Ele morreu ali mesmo, na avenida Hiroshima, e logo a PM assumiu o local, esperando o carro do IML.
Juliano era de Várzea Grande, no Mato Grosso, e foi à corrida com uma equipe. Élcio Paiva, 37, um dos treinadores da equipe, disse ao jornal eletrônico que o evento teve falhas. Defendeu que provas na região começassem no máximo às 7h.
E alertou: “O clima é muito seco e isso causa um desgaste muito grande para o corredor. A maioria das equipes se preparam à noite para as corridas”, diz.
Também afirmou que em alguns pontos da corrida não eram distribuídos copos de água. “A organização deveria repensar algumas coisas. Isso foi uma fatalidade, não digo que é culpa dos organizadores, mas é uma prova longa e que desgasta muito o corredor”, disse Elcio.
A organização do evento ainda não se manifestou sobre a morte do participante, segundo o jornal eletrônico que citei.
Dada a notícia, permita que eu faça meu comentário. O treinador tem toda a razão: provas longas, de mais de 15 km, com certeza deveriam começar no máximo às 7h durante a temporada de calor no Brasil, que é muito mais longa que o verão e que, em alguns Estados, dura o ano inteiro.
O fornecimento de água, pela minha experiência, também costuma ficar aquém do desejado em boa parte das corridas. Deveríamos ter água gelada a cada 3 km ou mesmo 2 km, conforme o trajeto da prova.
Hoje mesmo participei de uma prova em Minas que tinha tudo para virar tragédia, não fosse a distância curta (12 km). Começou tarde (9h), com sol fortíssimo, e a organização não foi capaz de manter abastecido o segundo dos dois postos de água do percurso, deixando sem água os corredores mais lentos (inclusive este que vos fala).
A São Silvestre, mais importante corrida do país, é useira e vezeira em mau serviço. Se for citar, é uma fieira de problemas.
Por outro lado, nós corredores devemos também tomar nossos cuidados. A CORRIDA É UM ESPORTE DE RISCO. Seja em provas curtas ou longas, o coração é muito exigido. Precisamos nos preparar direito, fazer exames regularmente e, nas corridas, realizar o que foi treinado. Consultar médico regularmente e ouvir o corpo: dores frequentes são sinal de perigo, cansaço sem explicação também.
Isso não exime da responsabilidade os organizadores de prova que, pela minha experiência, estão abusando da paciência e colocando em risco a saúde dos corredores. Provas cada vez mais caras e serviços cada vez mais precários, com algumas e honrosas exceções.
Enfim, termino aqui deixando minha solidariedade para a família, amigos e parentes de Juliano Batista, corredor nosso irmão. Tomara que, pelo menos, sua morte sirva de alerta para todos nós.
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