> TABOCAS NOTICIAS : Cinco estados pagam menos de três salários mínimos para professor

domingo, 12 de outubro de 2014

Cinco estados pagam menos de três salários mínimos para professor

Ao menos cinco estados não pagam aos professores com nível médio os R$ 1.697 previstos na lei nacional do piso docente, que foi criada para garantir um valor mínimo a ser pago para os professores. Esse é o caso de Alagoas, Bahia, Goiás, Espírito Santo e Paraná.

As informações foram levantadas pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), que pesquisou vencimentos (salário sem gratificações) dos docentes em todos os estados e no Distrito Federal em maio deste ano.

A maioria desses estados remunera corretamente apenas os profissionais com ensino superior, que representam 75% dos professores do País.

Três em cada quatro professores do Brasil têm curso superior

Segundo o secretário de assuntos educacionais da CNTE, Heleno Araújo, muitos estados achataram a carreira dos profissionais que têm formação superior para garantir o pagamento do piso da categoria. "Há estados onde, antes da existência da lei, a diferença de salários dos professores com médio e dos professores com ensino superior era 34%. Mas, para aplicar a lei do piso, alguns governos fizeram essa diferença cair para menos de 1%. Isso significa que passamos alguns anos com uma diferença de apenas R$ 10 entre profissionais com nível médio e profissionais com superior".

Para Márcia Jacomini, professora do departamento de educação da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o não cumprimento parcial o total da lei do piso reforça a ideia de desvalorização da carreira docente.

O representante da CNTE também reforça que este cenário desestimula a formação continuada. "O professor acaba pensando para quê vou estudar mais se vou continuar a ganhar pouco. Isso desestimula os profissionais de hoje e do futuro, como os estudantes que não estão querendo fazer licenciatura".

Hora atividade
O levantamento feito pela CNTE mostra, ainda, que oito redes estaduais de educação não garantem o horário previsto em lei para que docente realizem seus trabalhos fora de sala, o chamado HTPC (Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo). São eles: Maranhã, Bahia, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Sancionada em 2008, a lei do piso docente estabelece que o pagamento dos profissionais seja feito considerando uma jornada de trabalho com o limite máximo de 2/3 da carga horária para o desempenho das aulas, e 1/3 (33%) para o trabalho extra-classe.

Nesse tempo, os professores devem realizar atividades como correção de provas e trabalhos e confecção do planejamento.

Márcia explica que o fato de que muitos professores não trabalham no regime de 40 horas de semanais atrapalha a definição do piso nacional e as condições de trabalho. "Muitas vezes, estados e municípios não cumprem a lei quanto à hora atividade, porque o horário de trabalho semanal do professor na rede é de 20 ou 25 horas. Daí eles alegam que, nesses casos, estar menos tempo na sala de aula vai fazer muita diferença e acabam garantindo hora extra-atividade apenas para quem trabalha 40 horas semanais".

Valorização profissional
As dificuldades com relação à carreira e às condições de trabalho fazem com que docentes e a sociedade tenham uma imagem pessimista da carreira.

Divulgado no início deste ano, o Índice Global de Status de Professores coloca o Brasil no segundo pior lugar de um ranking de 21 países que mede como a população enxerga a profissão de professor.

Os brasileiros responderam negativamente a perguntas como “Você encorajaria seu filho para se tornar professor?”, “Você acredita que a remuneração dos professores é justa?” e “Quanto você acredita que os alunos respeitam o professor?”.

Menos de 20% das pessoas possivelmente ou seguramente encorajariam os seus filhos a se tornarem professores. Em contrapartida, mais de 45% dos pesquisados possivelmente ou seguramente não encorajariam seus filhos a se tornarem professores.

Quando questionados se os alunos respeitam os pedagogos, aproximadamente 65% dos brasileiros disseram que não. Além disso, a grande maioria (88%) acredita que os docentes deveriam ser remunerados de acordo com o desempenho dos seus alunos.

O estudo foi criado pelo professor de economia da Universidade de Sussex, Peter Dolton, e pelo professor associado do Departamento de Estatística e Econometria da Universidade de Málaga, Oscar Marcenaro-Gutierrez.Fonte: Com informações do R7

Nenhum comentário:

Postar um comentário