As minas da montanha de Cerro Rico, na Bolívia, têm cerca de 500 anos de idade e delas saiu a prata que gerou riquezas ao antigo império espanhol.
Mas, agora, a região está cheia de túneis e perigos, o que transforma a montanha em uma armadilha para homens e meninos que trabalham no local.
Tanto que a população chega a apelar até para o diabo, rogando por segurança: a superstição fez com que os trabalhadores colocassem imagens de uma criatura com chifres nos túneis.
Marco, 15 anos, um dos moradores da região, trabalha em um destes túneis perigosos, coberto de suor e poeira. Ele carrega rochas em um carrinho de mão - algo que repete entre 35 e 40 vezes durante seu turno de cinco horas de trabalho, frequentemente à noite, depois de passar o dia na escola.
A mãe de Marco e se mudou para Cerro Rico com os quatro filhos, depois que o pai foi embora. Eles vivem na entrada de um dos túneis, sem água corrente e usando uma mina abandonada como banheiro.
"Quero ser uma pessoa melhor, não trabalhar na mina... Gostaria de me formar, ser advogado", diz Marco, cuja família depende de seu salário.
Na era colonial espanhola, a montanha produziu toneladas e mais toneladas de prata. Durante o mesmo período, estima-se que 8 milhões de pessoas tenham morrido no local, o que deu a Cerro Rico o apelido de Montanha que Devora Homens.
Hoje cerca de 15 mil mineiros trabalham na montanha, e uma associação local informa que 14 mulheres da região ficam viúvas a cada mês. A expectativa de vida é de 40 anos em média.
Acidentes
Como todos os que trabalham na montanha, Marco teme os acidentes e também a silicose, uma doença causada pela inalação de poeira. Marco conta que o cunhado morreu antes dos 30 anos devido à doença.
"Você come a poeira, vai para seus pulmões e te ataca", disse Olga, mãe solteira que guarda os equipamentos para os mineiros.
Os filhos de Olga, Luis, 14 anos, e Carlos, 15, trabalham levando os carrinhos de mão, como Marco. Às vezes eles começam a trabalhar às 2h da madrugada para completar o turno de oito horas antes de ir para a escola.
Eles também enfrentam outro perigo da montanha - o gás tóxico liberado nas rochas.
"Os pés ficam fracos e você tem dor de cabeça. O gás é o que fica depois que a dinamite explode", explicou Carlos.
Uma mulher contou que o marido respirou o gás, ficou tonto e caiu em um poço da mina, onde morreu.
O grande número de mortes acaba gerando superstições.
Os homens e meninos mastigam folhas de coca, afirmando que isso ajuda a filtrar a poeira. Eles também fazem oferendas de folhas de coca junto com bebida alcoólica e cigarros para El Tio, o deus-demônio das minas.
Cada uma das 38 empresas que gerenciam as minas na montanham tem uma estátua do El Tio em seus túneis.
"Ele tem chifres porque é o deus das profundezas", disse Grover, chefe de Marco. "Geralmente nos reunimos aqui às sexta-feiras para fazer as oferendas, agradecendo por ele ter nos dado muitos minerais, e também para pedir proteção dele contra acidentes."
"Fora da mina, somos católicos, quando entramos, adoramos o diabo", disse.
Mais crianças
Marco e Luis não são os mais jovens trabalhando nas minas.
"Há dez crianças que vejo (trabalhando). Quando elas vêm aqui, têm bolhas nas mãos, então acho que estão dentro das minas. Crianças de oito, nove, dez anos..", disse Nicolas Marin Martinez, diretor da única escola da montanha, mantida por uma organização de caridade suíça.
Uma mudança recente na lei da Bolívia permite que crianças de dez anos trabalhem legalmente, mas não nas minas, consideradas perigosas demais.
No entanto, um relatório do ombudsman do governo da Bolívia estima que 145 crianças trabalham nas minas. Outra estimativa sugere que o número de crianças trabalhando na montanha possa chegar a 400.
Apesar de tudo isso, o FMI afirma que a Bolívia reduziu seus níveis de pobreza e quase triplicou a renda per capita desde que o presidente Evo Morales assumiu o cargo, em 2005.
No dia 12 de outubro, Morales tentará ser eleito para o terceiro mandato, prometendo devolver aos pobres as riquezas da terra.
Para os que vivem em Cerro Rico, os benefícios do governo de Morales parecem ainda não ter chegado. Foto: Catharina Moh--Fonte: G1
Mas, agora, a região está cheia de túneis e perigos, o que transforma a montanha em uma armadilha para homens e meninos que trabalham no local.
Tanto que a população chega a apelar até para o diabo, rogando por segurança: a superstição fez com que os trabalhadores colocassem imagens de uma criatura com chifres nos túneis.
Marco, 15 anos, um dos moradores da região, trabalha em um destes túneis perigosos, coberto de suor e poeira. Ele carrega rochas em um carrinho de mão - algo que repete entre 35 e 40 vezes durante seu turno de cinco horas de trabalho, frequentemente à noite, depois de passar o dia na escola.
A mãe de Marco e se mudou para Cerro Rico com os quatro filhos, depois que o pai foi embora. Eles vivem na entrada de um dos túneis, sem água corrente e usando uma mina abandonada como banheiro.
"Quero ser uma pessoa melhor, não trabalhar na mina... Gostaria de me formar, ser advogado", diz Marco, cuja família depende de seu salário.
Na era colonial espanhola, a montanha produziu toneladas e mais toneladas de prata. Durante o mesmo período, estima-se que 8 milhões de pessoas tenham morrido no local, o que deu a Cerro Rico o apelido de Montanha que Devora Homens.
Hoje cerca de 15 mil mineiros trabalham na montanha, e uma associação local informa que 14 mulheres da região ficam viúvas a cada mês. A expectativa de vida é de 40 anos em média.
Acidentes
Como todos os que trabalham na montanha, Marco teme os acidentes e também a silicose, uma doença causada pela inalação de poeira. Marco conta que o cunhado morreu antes dos 30 anos devido à doença.
"Você come a poeira, vai para seus pulmões e te ataca", disse Olga, mãe solteira que guarda os equipamentos para os mineiros.
Os filhos de Olga, Luis, 14 anos, e Carlos, 15, trabalham levando os carrinhos de mão, como Marco. Às vezes eles começam a trabalhar às 2h da madrugada para completar o turno de oito horas antes de ir para a escola.
Eles também enfrentam outro perigo da montanha - o gás tóxico liberado nas rochas.
"Os pés ficam fracos e você tem dor de cabeça. O gás é o que fica depois que a dinamite explode", explicou Carlos.
Uma mulher contou que o marido respirou o gás, ficou tonto e caiu em um poço da mina, onde morreu.
O grande número de mortes acaba gerando superstições.
Os homens e meninos mastigam folhas de coca, afirmando que isso ajuda a filtrar a poeira. Eles também fazem oferendas de folhas de coca junto com bebida alcoólica e cigarros para El Tio, o deus-demônio das minas.
Cada uma das 38 empresas que gerenciam as minas na montanham tem uma estátua do El Tio em seus túneis.
"Ele tem chifres porque é o deus das profundezas", disse Grover, chefe de Marco. "Geralmente nos reunimos aqui às sexta-feiras para fazer as oferendas, agradecendo por ele ter nos dado muitos minerais, e também para pedir proteção dele contra acidentes."
"Fora da mina, somos católicos, quando entramos, adoramos o diabo", disse.
Mais crianças
Marco e Luis não são os mais jovens trabalhando nas minas.
"Há dez crianças que vejo (trabalhando). Quando elas vêm aqui, têm bolhas nas mãos, então acho que estão dentro das minas. Crianças de oito, nove, dez anos..", disse Nicolas Marin Martinez, diretor da única escola da montanha, mantida por uma organização de caridade suíça.
Uma mudança recente na lei da Bolívia permite que crianças de dez anos trabalhem legalmente, mas não nas minas, consideradas perigosas demais.
No entanto, um relatório do ombudsman do governo da Bolívia estima que 145 crianças trabalham nas minas. Outra estimativa sugere que o número de crianças trabalhando na montanha possa chegar a 400.
Apesar de tudo isso, o FMI afirma que a Bolívia reduziu seus níveis de pobreza e quase triplicou a renda per capita desde que o presidente Evo Morales assumiu o cargo, em 2005.
No dia 12 de outubro, Morales tentará ser eleito para o terceiro mandato, prometendo devolver aos pobres as riquezas da terra.
Para os que vivem em Cerro Rico, os benefícios do governo de Morales parecem ainda não ter chegado. Foto: Catharina Moh--Fonte: G1
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