Somente depois do escândalo, a Petrobras resolveu demitir o engenheiro José Orlando Azevedo, ex-presidente da Petrobras America entre 2008 e 2012, período em que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi questionada judicialmente pela estatal. A refinaria era controlada pela subsidiária.
Como se sabe, Azevedo é primo do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e ocupava atualmente o cargo de diretor comercial da Transportadora Associada de Gás (TAG). Em nota, a Petrobras considerou “rotineira” a demissão: “A substituição do Sr. José Orlando Azevedo foi uma mudança de caráter gerencial rotineira. Junto com essa substituição, na mesma pauta, foram aprovadas mais oito alterações e reconduções”, diz o comunicado.
É claro que o afastamento dele nada tem de “rotineiro”. Muito pelo contrário. O primo de Gabrielli (por coincidência, claro) estava à frente da Petrobras America justamente quando tramitou o processo que resultou no pagamento de US$ 820 milhões pela Petrobras para aquisição da refinaria de Pasadena. Funcionário de carreira, ele foi promovido pelo primo.
SEMPRE DIRETOR…
Depois da posse da atual presidente da estatal, Graça Foster, foi transferido para a subsidiária de gás, mas manteve o status de diretor. Esta é a segunda demissão na diretoria das subsidiárias da Petrobras em duas semanas. No dia 21 de março, Nestor Cerveró, diretor da área internacional da estatal na época da compra da refinaria de Pasadena, também foi exonerado do cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora, que ocupava desde 2012. Ele também havia sido afastado da área internacional da Petrobras pela por Graça Foster em 2012.
Um terceiro envolvido, o então diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa está preso por outros motivos, como lavagem de dinheiro. Além de participar da armação da negociata, ficou como representante da Petrobras no comitê diretor da refinaria de Pasadena, vejam a que ponto chega a desfaçatez desse tipo de “executivo”.
Falta saber agora quem era o diretor jurídico da Petrobras na época da compra superhiperfaturada da refinaria criada em 1934. Mas logo logo saberemos. Afinal, a compra da refinaria está sendo investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União. A Petrobras, no entanto, só abriu auditoria interna para apurar as denúncias na última segunda-feira, dois anos após as primeiras denúncias de irregularidades no negócio.
*Tribuna da imprensa.
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