Enquanto os brasileiros cobram cada vez mais transparência dos políticos e da gestão pública, a crise que se instalou no IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – parece mostrar que ainda temos muito que avançar neste sentido.
Os problemas começaram com a divulgação dos resultados da pesquisa Pnad Contínua, que apresentou índices de desemprego maiores que os calculados em outros estudos. Entretanto, a ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffman colocou em dúvida a capacidade do IBGE de fornecer dados precisos de renda domiciliar per capita (que seriam usados para calcular a distribuição dos recursos do Fundo de Participações do Estado) e a pesquisa foi suspensa.
Os técnicos do IBGE consideraram a suspensão da pesquisa inaceitável: a diretora de pesquisa abandonou o cargo e 18 outros coordenadores ameaçam deixar o instituto.
Com isso, fica a sensação de que está faltando transparência na relação não somente entre o governo e o IBGE, como principalmente entre o governo e os números mostrados pelo IBGE. O Instituto tem uma importância fundamental no mapeamento da realidade brasileira, mas ele precisa ser isento e idôneo, obedecendo à realidade e não ao sabor de um partido político ou de um governo. Suas determinações precisam ser técnicas, e não de interesse político.
E fica a dúvida: caso o estudo mostrasse índices de desemprego menores que o esperado com as mesmas informações, a base governista teria questionado sua metodologia? *Ana Lima, via Facebook
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