Em 2012, o anúncio sobre a descoberta de um papiro do século IV reascendeu a velha discussão sobre o possível “estado civil” de Cristo.
O documento ficou conhecido como Evangelho da Esposa de Jesus, e se trata de um fragmento do tamanho aproximado de um cartão de visitas contendo um texto em copta — um antigo idioma utilizado no Egito por volta do século 3 — que sugere que o Nazareno teria sido casado com Maria Madalena.
O texto em questão conta com algumas palavras cuja tradução significa “Jesus disse a eles, minha esposa...”, e outro trecho diz ainda “Ela poderá ser minha discípula”. Evidentemente, o conteúdo do papiro dividiu opiniões na época, e muitos levantaram a hipótese de que se tratava de uma falsificação.
Reascendendo a polêmica
Agora, de acordo com o The New York Times, a Harvard Divinity School acaba de jogar ainda mais lenha na fogueira, afirmando que testes conduzidos com o antigo artefato revelaram que o documento provavelmente seja autêntico. Segundo a matéria, análises científicas realizadas com o papiro e a tinta utilizada, bem como a verificação da gramática e da grafia, demonstraram que se trata de um artefato antigo.
Os testes envolveram o uso de uma técnica chamada Micro-Raman e da espectroscopia de infravermelho, e os resultados apontaram que o carbono presente na tinta com a qual o texto foi redigido é condizente com a de outros papiros datados entre os séculos 1 e 8. Além disso, pesquisadores envolvidos nas análises afirmaram que não foi possível encontrar qualquer tipo de evidência de que o documento tenha sido forjado.
E mais uma vez, como era de se esperar, apesar dos resultados — aparentemente irrefutáveis — apresentados depois das análises científicas, já existem pesquisadores contestando as alegações. Entre eles está Leo Depuydt, professor de Egiptologia da Universidade Brown, nos EUA. Segundo ele, além de o papiro trazer erros grosseiros de gramática, a frase “minha esposa” parecer ter sido escrita em negrito, deixando bastante óbvio que o documento é uma farsa.
Portanto, assim como aconteceu em 2012, quando a descoberta do papiro foi anunciada pela primeira vez, o debate sobre o possível casamento de Jesus — assim como a respeito de questões sobre o celibato entre os padres e o papel das mulheres na igreja — volta a entrar em pauta. E novamente, tudo parece indicar que a controvérsia sobre o assunto continua muito, muito longe de terminar. Fonte: Com informações do Em Resumo
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