> TABOCAS NOTICIAS : Nova potência, China tem salários milionários e veto ao Facebook

quarta-feira, 12 de março de 2014

Nova potência, China tem salários milionários e veto ao Facebook


Cuca foi o técnico campeão da Libertadores em 2013 pelo Atlético-MG. Aloísio, talvez, tenha sido o jogador mais decisivo para que o São Paulo não fosse rebaixado no Brasileirão. Montillo era a esperança do Santos de Oswaldo de Oliveira, ePaulo André havia sido efetivado como capitão do Corinthians. Em comum entre eles? Foram seduzidos pelos altíssimos salários e embarcaram rumo ao futebol chinês no início deste ano.

Lá, encontraram uma realidade completamente diferente: milhões na conta, estrutura cada vez maior, categorias de base praticamente inexistentes, um trânsito insano, que praticamente exige a presença de um motorista, o idioma incompreensível e até a proibição a redes sociais como o Facebook e o Twitter.

Hernane, o Brocador, artilheiro e herói do Flamengo na conquista da Copa do Brasil, só não foi por detalhes. Os clubes da China se tornaram a principal ameaça aos torcedores que não querem perder seus ídolos, e a maior esperança de jogadores e clubes brasileiros ávidos por dinheiro.

Tudo por conta do investimento de grupos bilionários como o Evergrande, dono do Guangzhou, atual tricampeão chinês, e do Greenland, que comprou no início deste ano o Shanghai Shenhua, novo time de Paulo André. Ambas atuam no ramo de construção civil. O Evergrande é liderado pelo magnata Xu Jiayin, que já figurou no rol dos homens mais ricos do mundo.

Os valores pagos pelo Greenland por uma participação de 28,5% no Shanghai variam de 24 a 40 milhões de euros em notícias da imprensa local. Nada perto dos 400 bilhões de dólares, montante do mais recente lançamento imobiliário da empresa na Austrália, mas muito para clubes que têm investido entre três e seis milhões de euros em suas contratações.

- É um jogo de números. Antes, o mercado chinês vinha com valores altíssimos, mas o nível salarial era menor. Pagava-se mais aos clubes e menos aos jogadores. Hoje, como se ganha muito no Brasil, eles aumentaram as propostas - explica o empresário Nick Arcuri.

Ele foi o agente que, recentemente, fez a transferência do volante Júnior Urso do Coritiba para o Shandong Luneng, mesmo clube que contratou Cuca e Montillo. O jogador vai ganhar pelo menos cinco vezes mais na China. Em seu contrato também estava prevista uma casa mobiliada e um carro com motorista, além de bonificações individuais e coletivas por metas na liga.

Urso vai começar a estudar inglês para tentar melhorar a comunicação no local e a empresa de seu agente vai enviar um funcionário para morar com ele durante dez meses e facilitar sua adaptação ao país. O clube tem sede em Jinan e pertence à maior fornecedora de energia elétrica da província de Shandong.

As cidades menores são apontadas como obstáculos aos estrangeiros que desembarcam na China. Por isso, morar em Xangai já é um alívio para Paulo André. Ele escolheu o bairro de Xintiandi, cheio de lojas de grife, restaurantes de culinária internacional e exposições.

- Lembra Paris e Nova Iorque - compara o zagueiro.

Assíduo nas redes sociais, o líder do Bom Senso F.C. terá de arrumar novos passatempos na China. É que o país proíbe o acesso ao Facebook e ao Twitter. Paulo André só consegue se manifestar nessas ferramentas por meio de fotos postadas no Instagram. Vai sobrar mais tempo para o zagueiro se dedicar à missão dificílima de aprender o idioma local.

- Começo a aula de chinês na segunda-feira. Os estrangeiros aqui não se interessam em aprender, mas eu vou tentar - conta o jogador, que aponta o "trânsito maluco" como outra curiosidade de sua nova cidade.

Quem comandou a negociação de Paulo André com o Shangai foi o empresário Hugo Garcia, que também estava autorizado a concluir a ida de Hernane para o mesmo clube, mas a diretoria não apresentou as garantias financeiras exigidas pelo Flamengo.

Hugo vê o mercado chinês com possibilidade de amplo crescimento nos próximos anos. Segundo ele, as equipes ainda não dispõem de fontes de renda que são as principais aliadas financeiras dos clubes brasileiros, por exemplo, como cotas de televisão e patrocínios de camisas.

- Alguns clubes até pagavam para seus jogos serem transmitidos há pouco tempo. As marcas internacionais estão começando a investir nas camisas, mas elas também eram vazias. E a Nike tem um contrato fechado para fornecer material a todos os clubes. Quando isso abrir, certamente vão poder ganhar mais. Há uma margem muito grande de crescimento.

Por enquanto, ainda há uma brutal diferença entre os times com aporte financeiro de grandes empresas e os demais. Na visão de Hugo Garcia, um dos próximos passos será investir nas categorias de base, inexistentes em vários clubes. Ele também aponta a diferença de tratamento, inclusive no salário, entre os atletas estrangeiros e os chineses, com raras exceções dos nativos que defendem a seleção do país.

Por outro lado, as potências investem bastante em estrutura. Luiz Alberto Rosan, fisioterapeuta da seleção brasileira, agora trabalha também no Shandong Luneng, na comissão técnica de Cuca. Foi ele quem implantou o Reffis no São Paulo, tanto no CT da Barra Funda quanto sua unidade maior, em Cotia.

- O departamento médico comporta uns três Reffis de Cotia. Tudo com equipamento de última geração. A grandiosidade chama atenção e o centro de treinamento não deve nada aos dos principais clubes brasileiros - relata Rosan.

As equipes chinesas também têm lemas ousados, até mesmo em seus símbolos. O Guangzhou Evergrande determina "ser o melhor eternamente". Já o maior rival, Shandong, se define como "clube do século". O Shanghai não tem frases de efeito, mas também teve seu nome alterado. Perdeu o Shenhua e agora é Shanghai Greenland. É o preço de ficar ricoFoto: Divulgação /Fonte: globoesporte

Nenhum comentário:

Postar um comentário