A chinesa Liu Xinwen, de 33 anos, revelou que foi arrastada de sua casa, de madrugada, e levada até um hospital.
Ela e seu marido Zhou Guoqiang, que já têm um filho, aguardavam a chegada do segundo, mas de acordo o relato do casal, às 4 da manhã da semana passada, dezenas de funcionários da província de Shandong da Comissão de Planejamento Familiar, invadiram a casa da família, derrubando a porta e levaram a força a chinesa grávida, enquanto outro grupo de funcionários seguravam o marido no sofá impedindo-o de reagir.
Zhou levou quase cinco horas para descobrir o paradeiro da esposa. Ao encontrá-la no Hospital Popular do Distrito de Fangzi, na cidade de Weifang, o marido contou que havia chegado poucos minutos depois da droga indutora de aborto ter sido injetado em Liu.
“Minha esposa estava deitada na cama. Perguntei-lhe se já haviam injetado a droga nela, e ela disse que sim. Eu perguntei se o bebê ainda se movia, e ela respondeu que já não se mexia muito”, disse o marido desolado.
O bebê morreu no ventre da mãe, e foi retirado um dia depois. Uma foto revoltante mostra o feto dentro de um balde laranja ao lado de Liu Xinwen. Apenas após o aborto os pais descobriram que o bebê seria um menino.
A mãe completamente devastada desabafa: “Eu sinto a falta dele. Eu não cheguei a vê-lo, eu ficaria ainda mais triste se tivesse visto”.
Além do aborto forçado, o marido de Liu ainda afirmou que a esposa foi obrigada a assinar documentos dando total consentimento ao aborto. Zhou disse que a sua esposa havia sido ameaçada caso não cooperasse.
Além disso, Liu contou que após o nascimento de seu primeiro filho, que hoje tem dez anos, foi introduzido nela um dispositivo anticoncepcional, procedimento este considerado proibido na China. O dispositivo provavelmente deve ter falhado, não evitando a segunda gravidez.
Quando descobriu a gestação de quatro meses, o casal decidiu não informar às autoridades, já que eles temiam que Liu fosse obrigada a fazer um aborto forçado, e assim esperavam pagar uma multa após o nascimento, punição esta que é aceitável em alguns locais da China.
O casal ainda não sabe como as autoridades descobriram a gravidez de Liu. A embaixada chinesa em Londres disse que está investigando o caso.
Casos cada vez mais revoltantes vêm sendo revelados à mídia. Em julho deste ano, por exemplo, um homem foi morto a facadas por funcionários do governo depois que eles disseram ao homem que ele não poderia registrar o seu quarto filho.
O registro, segundo eles, não poderia ser feito porque o homem não tinha pago uma multa por violar as leis de planejamento familiar da China, multa esta que Liu e Zhou pretendiam pagar assim que o bebê nascesse.
A multa é cobrada sobre os pais que quebram as leis de planejamento familiar, e a quantia pode ser até dez vezes a renda anual de uma família. Sem o pagamento da multa, a criança não tem o direito de ser registrada como cidadã chinesa, e assim ela estará impedida de estudar, ir ao hospital e obter outros benefícios do governo. Os pais também podem ser presos e terem os seus bens confiscados.
O aborto forçado é a alternativa que o governo encontra para frear o crescimento em massa da população, e está diretamente associada à conhecida “política do filho único”.
Introduzida a partir de 1980, a medida ainda vigora no país e é uma das principais causas que levam muitas mulheres chinesas a abortarem e tornarem-se estéreis em clínicas clandestinas e até mesmo em hospitais públicos.
As regras atuais estão muito mais complicadas que antigamente. O governo limita a maioria dos casais urbanos a terem apenas um filho, e permite até duas crianças por família rural, quando a primogênita for uma menina.
Embora o governo declare abertamente que esta política visa à prevenção de centenas de milhões de nascimentos e ajuda a tirar inúmeras famílias da pobreza extrema, a medida é muito criticada devido a fatores negativos óbvios.
Muitos demógrafos afirmam que a política agravou o envelhecimento do país, limitando a quantidade da força de trabalho jovem. O desequilíbrio sexual também aumenta, já que com a preferência de filhos homens e abortos de meninas, a proporção de homens e mulheres será desigual.
Além disso, os abortos também podem levar a morte de muitas mulheres. Estamos também tratando de uma medida extrema que fere os princípios básicos dos diretos humanos: o direito à vida.Foto: Sky News*Fonte: R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário