Em pesquisa recentemente encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff chegou a impressionantes 62%, com sua aprovação pessoal chegando a 78%. Embora não tenha aumentado em relação ao ano anterior, esse número ainda é muito alto.
A questão que não cala é: o que Dilma fez para merecer tanto apreço dos brasileiros? As respostas mais comuns fazem referência ao seu programa social, citado por 27% dos que aprovam o governo da presidente. Porém 25% dos entrevistados elogiam o desempenho do governo na economia, o que é, no mínimo, esquisito.
Em janeiro deste ano a balança comercial teve o pior resultado da história (lembrando que o Banco Central mantém estatísticas sobre isso desde o ano de 1959). Em fevereiro foi registrado um resultado negativo de US$ 1,27 bilhão, ou seja, o pior fevereiro da história. Março teve o pior resultado desde 2001. Tudo isso em conjunto resultou em um prejuízo de 5,15 bilhões para o país só nos três primeiros meses de 2013. Imaginem o estrago se a tendência continuar nos nove meses restantes.
De quebra, a produção industrial caiu 2,5% em fevereiro, o pior resultado dos últimos quatro anos. O Produto Interno Bruto cresceu só 0,9% em 2012, o que é bem abaixo da média mundial, de 3,2%, abaixo do resultado de 2011, de 2,7%, e abaixo do nível atingido pelos países que mais sofreram com a crise, que foi de 1,3%. É o pior resultado desde 2009. A inflação de 2012 ficou em 5,84%, bem acima do esperado(que era de 4,5%). Dilma também não está conseguindo cumprir sua promessa de campanha de fazer os juros caírem de forma significativa.
Talvez Dilma ainda esteja colhendo os frutos da popularidade de seu antecessor. Aparentemente as pessoas acham que ela é o Lula, apesar das inúmeras diferenças existentes entre os dois. Ou talvez os problemas econômicos não tenham afetado significativamente a população a curto prazo, sendo ligeiramente difícil percebê-los. Mas é certo que a longo prazo as coisas vão de mal a pior. Com uma economia claramente galopando em direção à falência, todo e qualquer ponto positivo que puder ser atribuído ao governo dela irá ruir como um castelo de cartas. Não há como sustentar programas sociais sem dinheiro, e com a economia em ruína o dinheiro irá desaparecer.
Iniciei o texto me indagando como é possível que nossa presidente tenha um índice de aprovação tão alto. Agora estou me questionando sobre a capacidade intelectual dos 25% de entrevistados que elogiaram o desempenho dela na economia.
Prevejo a possibilidade de que alguns leitores revoltados inundem a caixa de comentários com críticas ao PSDB e ao PMDB. Para os que se sentirem tentados a fazer isso, segue aviso: também não vou com a cara desses dois partidos. Se prestarem atenção ao texto, sequer mencionei partidos políticos nos parágrafos anteriores. Nem toda crítica ao PT é um elogio à oposição, e “tu quoque” nunca foi argumento. A política brasileira não possui só dois extremos, e sim inúmeras nuances de cinza. http://www.enfu.com.br
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