Não precisa ser 1º de abril para as pessoas serem enganadas e caírem nos truques dos amigos. O cérebro humano prega peças em você o tempo todo para trabalhar direito – e não só para ser engraçadinho uma vez por ano. Os 86 bilhões de neurônios que vivem dentro da caixa craniana gastam muita energia para emitir os impulsos elétricos que dão todas as ordens para o organismo humano. Para não pifar, o cérebro é obrigado a não processar “racionalmente” todas as informações que recebe. “O cérebro tem por objetivo sempre economizar energia, devido ao gasto excessivo que ele possa vir a ter em determinadas situações. Por isso, ele se deixa enganar”, explica o neurocirurgião Fernando Gomes Pinto, professor do Hospital das Clínicas de São Paulo. O órgão simplifica a realidade para diminuir o trabalho dos neurônios, como descartar informações ou inventar coisas que não existem. “Um exemplo disso é que ainda caímos em truques de mágica”, afirma o médico, já que o cérebro não presta atenção em tudo para não se cansar.
Pensamento vigilante
Os pensamentos são “manipulados” dentro do cérebro pelos lobos frontais. Produto da evolução do homem, esse circuito elaborado é capaz de inventar um fato e, ao mesmo tempo, ter a noção do perigo que essa mentira pode causar aos outros. O cérebro analítico também tem sua parcela de culpa nas manipulações diárias do cérebro, segundo Gomes, já que atua como um vigilante das emoções ancestrais dos seres humanos, como raiva, amor, fome ou ódio. Sem essa análise mais apurada - e muitas vezes mais devagar -, nós não conseguiríamos viver em sociedade nem criar vínculos. “O ser humano pode sentir uma coisa e falar outra; isso é uma evolução humana. Isso permite a nossa organização em sociedade e, também, a mudar de opinião sempre que julgamos [necessário]. Muitas vezes nem são mentiras, são apenas omissão de fatos.” Embora o animal seja mais intuitivo e rápido, como fazem as crianças, nem sempre eles são sinceros. Estudos científicos mostram que animais também têm ganhos quando mentem. “Alguns animais se fingem de mortos para se proteger. E isso não é uma mentira no plano consciente, mas é pela sobrevivência deles”, lembra o neurocirurgião.
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