O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse hoje (3) que foi sofreu todo o tipo de pressão enquanto preparava as alegações finais do caso mensalão. Apesar de não informar quem o pressionou, disse que houve tentativa de constrangimento. Gurgel falou com a imprensa após expor por quase cinco horas a peça de acusação durante o segundo dia de julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não digo que tenha recebido ameaças, mas, na verdade, fui alvo de toda uma série de tentativas de intimidação e constrangimento absolutamente inéditas na carreira de quem tem 30 anos de Ministério Público. Isso prova que é uma quadrilha totalmente arrogante”, disse Gurgel.
Questionado sobre a falta de provas contra os réus, o procurador-geral disse que todas as acusações são sólidas e constam dos autos. Segundo ele, as provas contra o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu são contundentes. “Jamais se pode exigir do chefe da quadrilha a mesma natureza e as mesmas características das provas daquelas pessoas que estão nos estágios anteriores da quadrilha. José Dirceu foi a principal figura, o mentor, o grande protagonista do mensalão. Foi ele quem idealizou o sistema ilícito”.
Gurgel ressaltou ainda que há provas documentais que incriminam os ex-dirigentes do Banco Rural citados no processo. “É minuciosa [a prova]. Há documentos a respeito de tudo, comprovando a gestão temerária, a lavagem de dinheiro. Não consigo dizer que tenha fantasiado qualquer coisa em relação a qualquer acusado”.
Segundo o procurador-geral, o Ministério Público quer a condenação de 36 dos 38 réus e a expedição de mandados de prisão cabíveis. “O mais importante é que o STF, com o juízo condenatório diga de uma vez por todas que esse tipo de prática precisa acabar no país”.
Ao concluir a sustentação de acusação no segundo dia de julgamento, Roberto Gurgel citou trecho da música "Vai Passar", de Chico Buarque. "Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída, em tenebrosas transações".
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