As aplicações na poupança bateram recorde no primeiro mês de vigência das novas regras para o cálculo do juro das cadernetas. Dados do Banco Central mostram que os depósitos superaram os saques em R$ 6,26 bilhões em maio, valor 252% maior que o visto em abril e recorde para o mês na série iniciada com o Plano Real, em 1994.
Anunciadas em 3 de maio, as regras que atrelam a rentabilidade das cadernetas à evolução da taxa básica de juros, o que reduz o rendimento, parecem não ter desanimado o investidor. Ao todo, depósitos cresceram 15,6% na comparação com abril e alcançaram a cifra de R$ 105,7 bilhões em maio. O ritmo das retiradas foi menor: aumentaram 10,9%, para R$ 99,5 bilhões.
Motivos
O professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida, atribui o bom resultado a dois grupos: investidores que aproveitaram os últimos dias com as regras antigas e clientes que “respiraram aliviados” ao conhecer a nova fórmula da rentabilidade.
O professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida, atribui o bom resultado a dois grupos: investidores que aproveitaram os últimos dias com as regras antigas e clientes que “respiraram aliviados” ao conhecer a nova fórmula da rentabilidade.
“Havia expectativa de mudança e a imprensa dizia que depósitos feitos sob a regra antiga não sofreriam. Isso pode ter motivado investidores a aplicar recursos para garantir essa condição”, diz. Números do BC confirmam essa percepção: a captação dos dois primeiros dias do mês – que não estavam sob as novas regras – somou R$ 1,8 bilhão ou 28,8% do resultado mensal.
As mudanças foram anunciadas no fim da tarde de quinta-feira, 3 de maio, e passaram a valer na manhã do dia seguinte. Ao conhecer o conteúdo das novas regras (remuneração de 70% da Selic), investidores não se assustaram, e as aplicações continuaram: na estreia da nova fórmula de remuneração da aplicação mais popular do País, a captação das cadernetas somou R$ 1,2 bilhão. Os números seguiram positivos nos dias seguintes.
Migração
Almeida diz que outra explicação para o bom desempenho da poupança é a possível migração de recursos que estavam nos fundos de investimento. “Se um fundo tradicional, como o DI, tem taxa de administração de 1,5% ou superior, a caderneta tem rentabilidade melhor. Pelo visto, muitos investidores têm percebido isso”, diz.
Almeida diz que outra explicação para o bom desempenho da poupança é a possível migração de recursos que estavam nos fundos de investimento. “Se um fundo tradicional, como o DI, tem taxa de administração de 1,5% ou superior, a caderneta tem rentabilidade melhor. Pelo visto, muitos investidores têm percebido isso”, diz.
Dados da Anbima, associação das instituições do mercado de capitais, confirmam que os fundos que mais perderam recursos são os mais conservadores, que concorrem com as cadernetas.
Nos últimos 30 dias, os fundos DI perderam R$ 7,3 bilhões. A saída também foi observada nas carteiras de renda fixa (R$ 3 bilhões) e nos fundos de curto prazo (R$ 1,5 bilhão).
Nos últimos 30 dias, os fundos DI perderam R$ 7,3 bilhões. A saída também foi observada nas carteiras de renda fixa (R$ 3 bilhões) e nos fundos de curto prazo (R$ 1,5 bilhão).
“Apesar de algumas iniciativas para reduzir taxas de administração, fundos de varejo seguem com custos elevados. Além disso, há a incidência de Imposto de Renda. Na poupança, não há nada disso”, afirma Almeida. De http://www.jt.com.br/seu-bolso/
Nenhum comentário:
Postar um comentário