247 – Parada Gay? Vai que eu não vou. Na prática, foi o que disseram entre si e a seus eleitores os principais candidatos a prefeito de São Paulo, onde, no domingo 10, em plena avenida Paulista, se realizou, pelo 16º ano consecutivo, o maior evento do gênero do País. À exceção do deputado Celso Russomando (PR) e da ex-vereadora Soninha Francini (PPS), nenhum dos principais candidatos apareceu no desfile que já faz parte do calendário oficial de eventos da cidade - uma aglutinação de pessoas que lota hotéis, aquece o comércio e rende bons lucros, em impostos, para os cofres públicos municipais. "Os políticos precisam ver os membros da comunidade GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e travestis) como cidadãos, não como consumidores", afirmou o organizados da parada, Fernando Quaresma. "Os que não estão aqui certamente têm medo da reação do eleitorado conservador religioso fundamentalista", classificou.
Nenhum dos faltosos assumiu, publicamente, a sindrome da votofobia como o motivo principal pelo não comparecimento. Desculpas do tipo um fim de semana de descanso, como a que foi dada pelo sindicalista Paulinho da Força, candidato do PDT, ou compromissos assumidos anteriormente com a comunidade de Sapopemba, no caso do postulante Gabriel Chalita, do PMDB, deram a tônica das justificativas oficiais.
Permanecer fora de São Paulo foi uma explicação comum aos candidatos José Serra, do PSDB, e Netinho de Paula, do PCdoB. A assessoria do tucano informou que ele precisou estender uma viagem que estava fazendo a Nova York, nos Estados Unidos, enquanto o pecedobista chegou a tuitar que a parada seria "uma grande festa", mas avisou, por sua equipe, que estaria fora da cidade.
"Os pré-candidatos que não estiveram na Parada ou não se interessaram em fazer contato e conhecer quem somos, e são pessoas que não têm uma visão ampliada da política, ou não querem diminuir a diferenciação e o preconceito", cravou o organizador Quaresma.
Entre os postulantes mais destacados pela mídia, apenas Fernando Haddad, do PT, compareceu à sede da organização do evento, na quarta-feira 6. Ali, ele defendeu a promoção do respeito à diversidade de orientação sexual nas escolas da rede pública. Como ministro, Haddad foi responsável pelo kit anti-homofobia, material com informações sobre homossexualidade dirigido a estudantes. No domingo da parada, porém, o candidato petista estava "viajando com a família", enquanto nos bastidores de sua campanha se dizia claramente que o não comparecimento se deu para não atrapalhar as negociações que se desenvolvem pelo voto dos chamados evangélicos, os eleitores que ligados às igrejas pentecostais.
A julgar pela ausência dos candidatos a prefeito, o evento que, segundo os organizadores, reuniu mais de 4 milhões de pessoas, causa mais repulsa no eleitorado do que respeito. Mantida essa posição, porém, a causa da igualdade entre pessoas de orientações sexuais diversas dificilmente irá avançar – e corre o risco de haver um retrocesso nas conquistas alcançadas até aqui. Não seria melhor, para todos, que eles saíssem desse armário?
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