- Dificilmente o Senado Federal consegue ficar fora do noticiário. Nos últimos anos tivemos de tudo, como pagamento de horas extras não cumpridas, atos secretos, dezenas de diretorias inúteis etc. Agora, convivemos intensamente com a carga de notícias sobre o antigo arauto da moralidade pública, Demóstenes Torres, revivendo o caso daquele inspetor da Scotland Yard que era advertido diariamente sobre a existência de um vampiro no bairro de sua jurisdição, que todas as noite ferrava seus dentes no pescoço de um morador, mas nada do policial tomar alguma providência, sempre dizendo que iria agir. Um belo dia os moradores pegaram o lobisomem, e ele era nada menos que o inspetor. Qualquer comparação de Demóstenes com o inspetor inglês da historinha é mera coincidência;
- Quando pensávamos que o Senado não teria mais alguma novidade, pelo menos até o caso do senador 'assessor' do bicheiro Carlinhos Cachoeira ser definido oi desaparecer da mídia como tantos outros, lemos hoje que o novo líder do Governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que também prega que se façam novas coisas naque Casa, praticando-se uma política diferente e até propondo ao eleitorado a eleição de novos senadores, chegando a afirmar: "O Senado mudou e os velhos políticos precisam entender isso". Ocorre que o líder de Dilma Rousseff é daqueles que adotam o lema 'faça o que digo, mas não faça o que eu faço. A primeira suplente dele no Senado é ninguém menos que sua própria esposa, Sandra Braga. Como não tem nada de ingênuo, Demóstenes escalou para ser seu segundo suplente nada menos que o 24º homem mais ricos do Brasil, Lirio Parisotto, fundador da DVDs Violar, com uma fortuna estimada pela revista 'Forbes' em US$ 2 bilhões e 100 milhões;
- E por falar em suplentes de senador, entendemos que é algo que deve ser tratado como autêntica aberração, pois podem chegar a um dois cargos políticos mais elevados do País sem necessidade de um voto sequer. Quando o interesse do titular não é ser substituído por alguém de casa, vale colocar o cargo nas mãos de alguém que lhe tenha dado valio$a colaboração nas despesas de campanha. Um fato marcante desse tipo de jogada aconteceu com o ministro das Comunicações dos dois mandatos do ex-presidente Lula, o jornalista Hélio Costa (PMDB-MG), que mandou para o Senado durante quase oito anos seguidos o empresário Wellington Salgado, dono de uma rede de faculdades no Rio de Janeiro, sem nenhum vínculo com Minas Gerais, mas que foi ba$tante genero$o com o senador mineiro em sua campanha ao Senado, mesmo sabendo que não exerceria seu mandato enquanto Lula governasse;
- Dois atuais 81 senadores, nada menos que 15 dos que estão em exercício são suplentes, o que corresponde a 18% da composição daquela Casa. Caso Demóstenes venha a ser afastado, seu primeiro suplente é o empreiteiro Wilder de Moraes, que doou oficialmente nada menos que R$ 700 mil para a campanha do senador (ainda) goiano. Roberto REquião (PMDB-PR) teve uma doação de R$ 857 mil do seu suplente Chico Simeão, dono de uma empresa importadora de pneus usados, que são revendidos no Brasil depois de reciclados. Já Ivo Cassol (PP-RO), aquele que acha que político brasileiro ganha muito mal, tem como primeiro suplente seu pai, Reditário Cassol, que assumiu o mandato do filho durante uma licença para tratamento de saúde, mas gastou 'apenas' R$92.104,00 com 'divulgaçãodo mandato parlamentar', como justificou-se. Outro suplente 'gastão' foi o do senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que em apenas quatro meses gastou R$ 16.542,00 também para divulgar sua 'atividade parlamentar';
- Por tais motivos, já está mais do que na hora de se exigir uma imediata mudança, já para 2014, no sistema de eleição de suplentes do Senado, onde só possam chegar a assumir uma das 81cadeiras quem tenha obtido votação suficiente para isso. Como ponto principal, deve ser proibido o nepostismo que hoje existe, para que não tenhamos que ler ou ouvir justificativas como a quem um dia foi dada pelo falecido Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), o famoso ACM, que tinha o filha ACM Filho (DEM-BA) como primeiro suplente, porque não queria ninguém conspirando para assumir seu mandato e muito menos torcendo por sua morte. Também não queremos mais saber de desculpa como a que dá o líder de Dilma no Senado de que escolheu sua esposa para não ver seus aliados brigando pelo posto;
- Se o povo for inteligente, daqui a dois anos estará elegendo deputados e senadores que tenham compromisso com uma ampla reforma política, modificando por completo o atual sistema eleitoral. Como está que que não deve ficar.
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