No fim da manhã desta terça-feira (17/4), Ondjaki (Angola) e Paulina Chiziane (Moçambique), em debate movimentado e repleto de declarações sinceras, falaram sobre a criação literária nos países africanos de língua portuguesa. O escritor aproveitou a oportunidade para redefinir o tema dos seminários da Bienal com autores africanos que falam português, A literatura africana de expressão portuguesa. "Sou de um país angolano de expressão angolana. Não sou de expressão portuguesa. Me desculpem, mas somos países africanos de língua portuguesa. Tenho problema com a designação da lusofonia. Para ir aos países lusófonos, preciso de visto", relativizou.
Ondjaki disse ter um idioma próprio: o desportuguês. "É um estado de poesia. É a minha língua de pensar e, sobretudo, criar. O escritor deve tratar a língua de maneira que gere resultados estéticos e identitários. Paulina traçou um breve percurso que a literatura tomou em seu país. Antes do domínio de Portugal, a tradição oral era o veículo de transmissão da sabedoria do povo, utilizado e desenvolvido principalmente pelas mulheres. Na condição de colonizado, o país foi invadido pela educação europeia: os autores abraçaram a denúncia social. Após a independência, em 1975, "existiram realidades novas". "A língua é vantagem e barreira. Nós usamos, de certa maneira, olhos europeus para escrever sobre a África", explicou.
Ondjaki disse ter um idioma próprio: o desportuguês. "É um estado de poesia. É a minha língua de pensar e, sobretudo, criar. O escritor deve tratar a língua de maneira que gere resultados estéticos e identitários. Paulina traçou um breve percurso que a literatura tomou em seu país. Antes do domínio de Portugal, a tradição oral era o veículo de transmissão da sabedoria do povo, utilizado e desenvolvido principalmente pelas mulheres. Na condição de colonizado, o país foi invadido pela educação europeia: os autores abraçaram a denúncia social. Após a independência, em 1975, "existiram realidades novas". "A língua é vantagem e barreira. Nós usamos, de certa maneira, olhos europeus para escrever sobre a África", explicou.
A moçambicana, em desabafo que emocionou o público, apontou e criticou um novo tipo de colonialismo: o religioso. "Para nós, o Brasil é branco e mulato. A imagem do negro não existe. O único negro reconhecido como negro é o Pelé", começou. "Nós temos medo do Brasil. Um sem-número de igrejas evangélicas quer ensinar aos africanos quem é Deus. Os portugueses vieram com a cruz e a espada. Os brasileiros, com a cruz e a Bíblia. Nós queremos dizer ′sim` a Deus, mas na nossa própria cultura", observou. Por Felipe Moraes, do Correio Braziliense
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